Diretor de ONG vê corporativismo na decisão da Alerj que permitiu soltura de deputado

02/06/2008 - 17h52

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Trinta e três dos 70 deputados estaduais que cumprem mandatona Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) estão denunciados por algumairregularidade. De acordo com levantamento da ONG Transparência Brasil, pelomenos dez desses parlamentares respondem a processos criminais. Na últimasexta-feira (30), por 40 votos a 15, a Alerj aprovou decreto legislativo quepermitiu a soltura do deputado Álvaro Lins (PMDB), preso na véspera pelaPolícia Federal, sob a acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro,quando exercia o cargo de chefe da Polícia Civil do Rio. Ementrevista hoje ao programa Redação Nacional, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, odiretor-executivo da ONG, Claudio Weber Abramo, disse que vê claros sinais decorporativismo na decisão do legislativo fluminense. “Parece evidente que osdeputados estaduais do Rio de Janeiro votaram em causa própria, porque, com umaquantidade tão grande de parlamentares com processos judiciais, funcionou ali ocorporativismo”, afirmou. Para o diretor da ONG, “uma pessoa que foi presa porlavagem de dinheiro, como é o caso do deputado Álvaro Lins, não deveria serlibertada por um decreto legislativo sem um exame das condições políticas queenvolvem uma decisão como essa”.ClaudioWeber Abramo considera que uma das vulnerabilidades do sistemapolítico-partidário brasileiro “é a inexistência de mecanismos adequados deproteção contra o ingresso de criminosos nos parlamentos”. O levantamento feitopela Transparencia Brasil mostra que há uma quantidade excessiva de políticosque, do ponto de vista legal, não poderia estar exercendo mandatos eletivos.A ONGmantém na internet o site www.excelencias.org.br, que oferece um histórico da vida pública de todos os integrantes do CongressoNacional, assembléias legislativas e câmaras de vereadores das capitais. Aotodo, são 2.300 políticos retratados em sua trajetória, incluindo processosjudiciais a que respondem e punições sofridas pelos tribunais de contas, emsuas passagens por postos executivos.