Da Agência Brasil
Brasília - A Comissão deSegurança Pública e Combate ao Crime Organizado daCâmara dos Deputados vai se reunir nesta terça-feira (3)com o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, JoséMariano Beltrame, e deputados estaduais, para discutir as providênciasque serão adotadas no âmbito do Legislativo em relaçãoà tortura de jornalistas por integrantes de uma milíciana Favela Batan, no estado.Na último sábado(31), foram divulgados relatos das torturas sofridas pela equipe dereportagem do jornal O Dia, que realizava uma matériana favela, em Realengo, zona oeste do Rio. O repórter, ofotógrafo e o motorista que estavam disfarçados teriamsido descobertos pelos milicianos que controlam a região nodia 14 de maio, mas o fato apenas se tornou públicorecentemente para não atrapalhar as investigações.Segundo o presidente dacomissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), durante a reuniãoserão conhecidas as medidas que já estão sendoadotadas pelos órgãos de segurança do estado doRio. O objetivo é orientar o Legislativo sobre as providênciasque poderão ser tomadas para punir os responsáveis.“O Legislativo podepedir a abertura de processos, ele pode entrar no MinistérioPúblico e pode pedir a participação da PolíciaFederal se entender que ela se faz necessária. Além,obviamente, de mudar a legislação, reforçar alegislação, para que casos como esses sejamposteriormente coibidos com maior rigor”, disse.A tortura da equipe dereportagem por milicianos ocorreu no mesmo período em que estásendo lembrado outro caso de violação dos direitoshumanos e da liberdade de imprensa por criminosos na cidade. Háum ano, o jornalista Tim Lopes foi executado por traficantes quandofazia uma reportagem sobre exploração sexual de menoresna Vila Cruzeiro, na Penha, subúrbio do Rio.O secretáriogeral da ONG Repórteres Sem Fronteira, Robert Menard, enviounesta segunda-feira (2) uma carta ao presidente da República eoutras autoridades. O documento apela paraque o governo adote as medidas necessárias para acabar com asmilícias, já que elas representam uma ameaçadireta ao Estado e aos direitos garantidos pela Constituiçãobrasileira. A ONG estima que gruposparamilitares estejam instalados em 78 localidades do Rio de Janeiroe que eles tenham sido responsáveis por 200 assassinatos nosúltimos três anos.