Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou hoje (30), a empresários da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, que atingir o novo superávit primário de 4,3%, como anunciou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, exigirá sacrifícios do governo.
“É um sacrifício sempre. Mas é um sacrifício importante. Nós achamos que um país com um volume de dívida que nós acumulamos – chegamos a quase 60% do Produto Interno Bruto [PIB] de dívida – é importante reduzir. Portanto, o sacrifício que nós fazemos para executar o superávit é importante nesse sentido”, disse. O superávit primário é o dinheiro que um governo economiza para pagar os juros da dívida pública.
Paulo Bernardo enfatizou que o presidente Lula tem se mostrado muito rigoroso em relação ao superávit nominal. Ele lembrou que uma das primeiras medidas tomadas nessa sentido, em 2003, foi elevar de 3,75% para 4,25% o superávit em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país.
“Nos cinco anos do governo Lula, nós sempre fizemos acima da meta. E, em alguns casos, bastante acima. Portanto, essa discussão para nós não é novidade”, observou. O ministro garantiu que a meta fixada pelo governo será cumprida e previu que é possível ultrapassá-la.
O ministro disse que o governo tem conseguido manter suas finanças equilibradas. Nos quatro primeiros meses deste ano, o governo obteve superávit nominal, “o que é uma novidade que não acontecia há 20 anos praticamente”. Ele alertou para o fato de que talvez isso não ocorra ao longo de todo o ano. A expectativa, porém, é zerar o déficit nominal até 2010.
O importante, para o ministro, é reduzir a relação da dívida diante do PIB. Segundo ele, esse foi um dos motivos que levaram o país a conquistar o grau de investimento, concedido por duas agências internacionais de “rating”, ou seja de avaliação de risco, a Standards & Poor’s e a Fitch. Paulo Bernardo disse que o governo vai continuar sendo rigoroso e zeloso no sentido de manter “a política bem assentada na macroeconomia”.
De acordo com ele, os gastos previstos nesse ano eleitoral não afetarão a expectativa de atingir a meta de superávit. Bernardo reconheceu que as pressões por gastos são permanentes, mas ressaltou que o governo tem realizado despesas consideradas imprescindíveis. “Mas as despesas que não têm necessidade, que podem ser adiadas ou podem ser feitas em volume menor, nós temos feito tudo que podemos para cortar, diminuir e para conter. Nós vamos continuar fazendo desse jeito", garantiu.