Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Convencidos de que a alta dos preços do petróleo é uma das causas da inflação dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chefes de governo centro-americanos decidiram pedir a convocação, em caráter urgente, de uma sessão extraordinária da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O apelo foi feito ontem (29), em San salvador, durante a 3ª Cúpula Brasil- Sistema de Integração Centro-Americano (Sica).Segundo comunicado conjunto, a reunião especial tem como objetivo tratar das conseqüências econômicas e sociais da elevação do preço do petróleo – que chegou a US$ 130 por barril nesta semana. Na avaliação dos chefes de estado e de governo, a disparada tem caráter “presumivelmente” especulativo e “se traduz em forte impacto negativo nas economias e no desenvolvimento social dos países em desenvolvimento, em particular dos mais pobres”, comprometendo, inclusive, o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.A expectativa é, no âmbito da ONU, encontrar uma solução “real e pragmática” para redução dos preços do petróleo. No plano regional, Brasil, Belize, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá e República Dominicana se propõem a promover, também com urgência, o desenvolvimento de fontes alternativas de energia renovável, impulsionando a cooperação para produção e uso sustentáveis de etanol e biodiesel.Na cúpula anterior, realizada em 2005 na Guatemala, o Brasil e os integrantes do Sica já haviam decidido iniciar cooperação com vistas à produção de energia e utilização de biocombustíiveis em transportes – principalmente, estanol. Na seqüência, os países centro-americanos promoveram missão ao Brasil para conhecer a experiência de produção de biocombustíveis.Outro tema que já havia sido tratado, e continuou em pauta, foi a aproximação entre o Mercosul e o Sica. As negociações visam uma associação entre os dois blocos, o que seria um primeiro passo para a criação de uma zona de livre comércio e para a maior integração política e cultural entre as regiões. O governo salvadorenho – que ocupa a presidência rotativa do Sica – admite, no entanto, que as prioridades são os processos de negociação e implementação de outros acordos comerciais, como o Acordo de Livre Comércio da América Central (Cafta) e tratados de livre comércio com o Canadá e a União Européia.