Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A prisão do deputado estadual Álvaro Lins, ex-chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, efetuada pela Polícia Federal, tem um “impacto enorme" porque Lins "se vê, nesse momento, envolvido em uma, aparentemente, rede criminosa, com muita profundidade e muita extensão”.A avaliação foi feita hoje (29) pelo ex-secretário Nacional de SegurançaPública Luiz Eduardo Soares, que participou do 20º Fórum Nacional. Álvaro Lins é acusado doscrimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha armada, corrupçãopassiva e facilitação de contrabando.
Luiz Eduardo Soares advertiu, contudo, que não devem ser feitos pré-julgamentos. Mas admitiu que, se porventura as denúncias contra Lins vierem a ser confirmadas, “eu acho que se confirma também o diagnóstico, que eu antecipava há muitos anos, dizendo que o grande problema do Rio de Janeiro eram as instituições do Estado. Particularmente, as polícias”. Ele disse que, sem efetuar um trabalho de segurança pública e imposição da legalidade nas instituições do Estado, não se consegue reverter o quadro de expansão da criminalidade.
Para o ex-secretário, a corrupção ainda é o principal desafio a ser vencido. “A corrupção deve ser entendida de uma forma mais dramática”, afirmou. Disse que a imagem de uma mala de dinheiro trocando de mãos, feita quando se fala em corrupção, “é muito suave, muito leve, quase cômico, patético e muito superficial”.
Segundo Luiz Eduardo Soares, "quando malas de dinheiro trocam de proprietário, há nos bastidores dessa cena assassinatos, traição à ordem pública e ao estado democrático de direito, envolvimento de redes clandestinas, que vão desde o mundo político, passando pelo mundo empresarial, até instituições do Estado, chegando na ponta ao crime armado, aos milicianos, impondo tiranias às comunidades das favelas, produzindo resultados letais”. Soares afirmou que o país está diante do crime organizado no sentido típico da palavra, “o que é extremamente grave”.