Falta de experiências pedagógicas específicas é desafio na educação de jovens, diz secretário

29/05/2008 - 7h16

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O sistemade ensino não pode reproduzir na Educação deJovens e Adultos (EJA) a pedagogia utilizada na formaçãoregular de crianças e jovens, sob o risco de tornar infantilos estudantes e elevar as taxas de evasão escolar.A avaliação é do secretário de EducaçãoContinuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) doMinistério da Educação (MEC), AndréLázaro.

“Atendência dos sistemas de ensino é fazer uma merareprodução daquilo que é o ambiente da educaçãoregular de crianças e jovens e, com isso, acabamos infantilizando um pouco os nossos jovens e adultos e fazendo com quehaja uma taxa de evasão muito elevada”, afirmou.

Alémda ausência de experiências pedagógicasespecíficas para a EJA, a falta de formaçãodirecionada para os profissionais da área estão entreos gargalos da educação de jovens no Brasil, segundoLázaro. Os desafios e dificuldades da área serãodebatidos até amanhã (30) em um encontro nacional deeducadores.

Cerca de300 delegados estaduais, representantes do governo e especialistas definirão asdiretrizes da participação brasileira e as propostasque o país levará à a 6ª ConferênciaInternacional de Educação de Adultos (Confintea),coordenada pela Organização das NaçõesUnidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(Unesco), que o Brasil sediará em maio de 2009.

“Temosuma experiência de educação popular não-formalmaravilhosa, o ícone dessa educação é oPaulo Freire, mas temos o desafio grande de fazer com que os sistemasde ensino tenham condição de oferecer uma educaçãoadequada à expectativa de jovens e adultos”, disse osecretário.

Afalta de articulação entre iniciativas de inserção educacional é outro entrave da EJA. Dados doprograma Brasil Alfabetizado indicam que apenas 6,2% dosalfabetizados do programa, em 2006, se matricularam em EJA paraprosseguir os estudos. Lázaro reconheceu adesarticulação, mas afirmou que a responsabilidade degarantir a continuidade do avanço educacional de adultos queingressaram tardiamente no sistema de ensino deve ser compartilhadaentre gestores federais, estaduais e municipais.

“O MECfinancia o Brasil Alfabetizado e o Fundeb [Fundo de Manutençãoe Desenvolvimento da Educação Básica]financia a EJA. Qualquer município brasileiro pode participardo Brasil Alfabetizado e, em seguida, inscrever os alunos na turma deEJA; é uma possibilidade concreta, não depende de nadaa não ser a iniciativa do próprio município”,argumentou Lázaro.

De acordocom o secretário, o MEC “tem limites de ação”,porque a gestão educacional é compartilhada, mas “osfatores indutivos que favorecem a continuidade dos estudos estãodados”. Este ano, o Fundeb deve destinar R$ 2,8 bilhõespara a educação de jovens e adultos.