Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Uma pesquisa divulgada hoje (28) pela Fundação Procon São Paulo aponta que alguns bancos ainda não cumprem as normas estabelecidas pelo Banco Central (BC) para a cobrança de tarifas, vigentes desde o dia 30 de abril. Nolevantamento realizado com dez instituições financeiras, foi verificado que nemtodas elas padronizaram a nomenclatura das taxas cobradas pelos serviços prestadosa seus clientes, conforme fixa a Resolução 3.518 do BC, e nem todas informam de forma correta quais são os serviços gratuitos incluídos nosseus pacotes de tarifas."Percebemos que alguns bancos ainda estão em adaptação edescumprem alguns pontos do regulamento”, afirmou o assistente de direção doProcon-SP, Diógenes Donizete. “As regras são umavanço para o consumidor, tornam as relações entre banco e correntista maistransparentes, mas ainda existem problemas”, disse.A entidade também comparou os valores cobrados pelo mesmo serviço, em cada um dos bancos consultados, no início de fevereiro e no dia em que as regrasdo BC entraram em vigor. Segundo o órgão, foramverificados aumentos de até 433% no valor das taxas durante o período.“Houve aumentos, isso é fato. Mas se os bancos ajustam astarifas, os consumidores também podem se ajustar”, afirmou Donizete, reforçandoque consumidores devem pesquisar quais as instituições oferecem as tarifas maisbaixas.De acordo com o Procon-SP, o preço de um extrato mensal pode variar de R$ 1,30 até R$ 10, dependendo do banco. No casodos pacotes padronizados de serviços, há bancos que cobram taxas mensais de R$15 e outros que cobram R$ 28.Ainda de acordo com Donizete, os consumidores também devemficar atentos ao seu padrão de utilização dos serviços bancários para economizar com as tarifas. Ele disse que muitos acabam aderindo apacotes que incluem serviços que nem sempre são usados e, com isso, perdem a chance de gastar menos.Para comprovar a possibilidade, o Procon-SP elaborou umperfil hipotético de um cliente bancário, baseado no que a entidade acreditaser o da maioria dos consumidores. A entidade comparou o gasto mensal desse cliente comtarifas, levando em consideração duas situações: a primeira, em que ele adere aum pacote padronizado de serviços e a segunda, em que ele não adere ao pacote e pagapor cada serviço separadamente.Como resultado, a conclusão é de que, pagando separadamente, na média, o clientegasta R$ 11,10 por mês. E, aderindo ao pacote, o cliente paga R$ 21,40, quase o dobro. “Claro que issoé foi feito em um perfil hipotético, em uma média, mas já mostra como pesquisar é importante”, enfatizou.Em comunicado, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban)informou que, “quanto às diferenças de preços [das tarifas], elas são a melhorprova de que há forte concorrência entre os bancos, os quais disputamclientelas de diferentes segmentos oferecendo serviços diferenciados, para cadatipo de público e consumidor”. Já sobre os demais pontos verificados na pesquisa doProcon-SP, a Febraban considerou que seria necessário um estudo mais detalhadosobre os itens apontados para uma avaliação mais ponderada.O Banco Central, responsável pela apuração dasirregularidades apontadas, foi procurado para comentar a pesquisa. O órgão não respondeu àreportagem.