Filhos de acusados de fraude no BNDES eram donos de casa de prostituição, diz advogado

21/05/2008 - 21h01

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A casa de prostituição W.E., local onde a Polícia Federal acredita que tenha sido lavado o dinheiro obtido nas fraudes em empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), tinha como seus donos de direito – ou responsáveis judicialmente – os filhos de Edson Luis Napolitano e de Celso Murad. Os dois são suspeitos de estar envolvidos no esquema de desvio de recursos do BNDES.A informação foi confirmada na tarde de hoje (21) por Domingos Napolitano, irmão e um dos advogados de Edson Luis Napolitano e de Washington Domingos Napolitano, que seriam ouvidos hoje pela Justiça Federal, mas que tiveram seus depoimentos adiados para a próxima semana.Os sócios de direito da casa de prostituição W.E. - que tem em seu nome as iniciais dos nomes de seus clientes – eram Paula Napolitano e Gabriel Murad, revelou Domingos.Seus clientes, que foram presos na Operação Santa Tereza, seriam apenas promotores e sócios de fato da empresa, ganhando comissões sobre os produtos consumidos no bar e sobre a hospedagem de pessoas no flat que ficava anexo à W.E.De acordo com Domingos, Celso Murad seria o responsável pela parte financeira da W.E., empresa que os advogados alegam se tratar apenas de “um bar e restaurante”.Um taxista paulistano ouvido pela Agência Brasil disse ter conhecimento de que a W.E. seria uma casa de prostituição, freqüentada principalmente por empresários, e que cobraria cerca de R$ 200 pelo ingresso. O taxista contou já ter levado clientes para o local.“Há uma participação, de fato, dos sócios Edson e Washington. Quando levassem algumas pessoas para consumir ou se hospedar no flat, eles receberiam um retorno e uma participação nos lucros”, disse Anderson Real, outro advogado dos irmãos Napolitano.Segundo Real, quem faria o pagamento dessas comissões seria Manuel Fernandes Bastos Filho, também dono da casa de prostituição e apontado pela Polícia Federal como o líder da organização criminosa acusada de fraudar financiamentos no BNDES para prefeituras e empresas e de praticar prostituição e tráfico de pessoas.O Ministério Público Federal em São Paulo acredita que haja participação de parlamentares no esquema de fraudes no BNDES. A suspeita é que o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, e o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT-SP), que gozam de foro privilegiado, também tenham participado do esquema.Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura de Praia Grande informou que Alberto Mourão só vai se manifestar sobre o caso depois da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que pode decidir sobre a abertura de uma investigação sobre o prefeito.A nota informa que a prefeitura de Praia Grande “não contratou serviços de assessoria ou consultoria para a liberação de recursos do BNDES” e que as obras públicas realizadas com recurso do banco foram todas precedidas de licitação.Ainda segundo a prefeitura, o valor total do crédito obtido no BNDES para 12 obras públicas na cidade foi de R$ 123 milhões, sendo que R$ 40 milhões foram liberados até o momento e “somente cinco obras estarão contratadas até o final de 2008”. Pelo cronograma do BNDES, as liberações dos recursos seriam feitas até 2010.Já a Câmara dos Vereadores da cidade informou que foi aprovado um requerimento para acompanhar as investigações que estão sendo conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Segundo a assessoria, falta apenas definir o nome dos vereadores que farão parte da comissão que vai fazer este acompanhamento.À Agência Brasil, o Tribunal Regional Federal informou que recebeu os autos sobre o prefeito Alberto Mourão no dia 9 de maio e que o caso está sendo analisado pelo desembargador federal Fábio Prieto, que não tem prazo para conclusão.