Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Queixas e umprognóstico negativo para a próxima safra foram alvo dodiscurso de posse de Haroldo Rodrigues da Cunha, que assumiu hoje(7), o cargo de presidente da Associação Brasileira dosProdutores de Algodão (Abrapa).Ele disse que os produtorespassam por um momento delicado, com tributação e jurosaltos, a convivência com a concorrência asiática,taxa de câmbio desfavorável às exportações,condições precárias para escoamento da produçãoe demora na adoção de biotecnologias.Atualmente, o Brasil é o quinto maiorprodutor e o quarto maior exportador do produto, mas, segundo Cunha,já se espera uma redução de até 20% naprodução do próximo ano. De todos os problemas,o presidente da associação considera que o atraso naadoção de sementes geneticamente modificadas é oque mais traz prejuízos aos produtores de algodão. Segundo estudo da Abrapa divulgado hoje, os 160mil produtores de algodão do país gastaram, atéo ano passado, cerca de R$ 2 bilhões a mais do que se tivessemcomeçado a utilizar a tecnologia na época esperada. O novo presidente da Abrapa disse que, enquantonos Estados Unidos as sementes de algodão transgênicoforam aprovadas em 1996, no Brasil, o mesmo processo sóaconteceu em 2005, para início de produção em2007. Os estudos mostram que a utilização do AlgodãoBolgard, resistente a algumas larvas, resulta numa economia de US$237, por hectare plantado. Enquanto o Brasil começa a utilizar oBolgard só agora, os produtores americanos já plantamespécies de algodõão mais resistentes, quereduzem o custo de produção em até US$ 390 porhectare. O novo presidente da Abrapa diz que questõesideológicas dificultam o avanço no uso das novastecnologias no Brasil. “Algumas pessoas ficam colocando uma sériede dificuldades, muito mais por uma questão ideológica,de não deixar o processo andar, e isso faz com que nãose aprove nada. Então, é preciso que haja umainterferência dos órgãos competentes para que acomissão [Comissão Técnica Nacional deBiossegurança - CTNBio] destrave e ponha para andar essesprocessos que estão parados”, afirmou.Quanto às demais barreiras, Cunha defendeque o governo intervenha no valor dos juros pagos pelos produtores etambém no câmbio. “Já está tendo reflexona balança comercial brasileira essa valorização[do Real]. Em algum momento, isso pode inviabilizar o setor.Se continuar entrando dólar e começar a ir para níveisperto de R$ 1,50, não sabemos onde vamos parar no setorprodutivo,”queixou-se.