Novo depoimento de réu ajudou a absolver acusado no caso Dorothy, diz promotor

07/05/2008 - 11h57

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um “fato novo” –que surpreendeu tanto os jurados quanto a acusação– contribuiu para a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado deser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang: a nova versão do depoimento de Amair Feijolida Cunha.Segundo o promotor do caso, EdsonCardoso de Souza, o réu, já condenado comointermediador no crime, havia afirmado em seu depoimento no ano passado que a ordem para execução da religiosa veiode Bida mas, no julgamento de ontem (6),  desta vez como testemunhade defesa, apresentou outra versão e negou os fatos.“A presença emplenário do acusado Amair surpreendeu tanto a gente quanto ospróprios jurados. Amair disse que Bida não teveparticipação nenhuma, indo contrário ao quetinha dito no próprio julgamento dele”, informou Souza hoje(7) em entrevista à Agência Brasil.O promotor avalia que otestemunho de Amair provocou “uma dúvida muito grande” nosjurados, que, por cinco votos a favor e dois contra decidiram pela absolvição de Bida, na 2ª Vara do Juri de Belém (PA).“Eles [os jurados]não estavam tão errados na absolviçãoporque surgiu, em plenário, um fato novo, que deixou osjurados um pouco duvidosos.”Souza reforçaque vai entrar com recurso em um prazo máximo de cinco dias, acontar de hoje, pedindo um novo julgamento para Bida, mas nãoacredita que isso possa acontecer ainda neste ano.“Estamos preparandoum recurso de apelação para o Tribunal de Justiçae quem vai decidir a possibilidade de um novo julgamento sãoos desembargadores. Sem sombra de dúvida, se houver um novojulgamento, não será mais neste ano.”Apesar da demora, opromotor de diz confiante de que o pedido da acusação será acatado. Para ele, os desembargadores “vão entender que foimuito forte a participação de réu [Amair]perante o juri e que merece uma apuração melhor”.Sobre as ameaças que afirma estar sofrendo há cerca de um ano,Souza admite a possibilidade de estarem relacionadas ao caso DorothyStang. Ele diz que, com a absolvição de Bida, ostelefonemas e gravações em seu aparelho de secretáriaeletrônica devem cessar mas, caso o novo julgamento sejaconcedido, “a coisa pode[ser] retomada”.“Ameaçasdizendo que minha família vai ser tombada. Preocupado a gentefica, mas é a minha função e a gente nãopode deixar de trabalhar.”DorothyStang foi assassinada com seis tiros em fevereiro de 2005, nomunicípio de Anapu, na região oeste do Pará.Brasileira naturalizada, a missionária que nasceu nos Estados Unidos trabalhava há mais de 30 anos em pequenas comunidades e defendia o direitoà terra e à exploração sustentável daAmazônia.