Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O economista Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria acredita que as empresas brasileiras já contam com linhas de financiamento para investimentos e exportações, o que dispensa a criação de uma subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no exterior, para oferecer esses recursos. Ele critica a proposta de criar um fundo soberano. Para ele, o Brasil não tem as mesmas características de outros países que criaram fundos soberanos. “São países com uma poupança [interna] enorme, com alto grau de investimento em relação ao PIB [a soma dos bens e serviços produzidos]. Além disso, o custo fiscal para o Brasil seria enorme”. Blanche lembrou que em outros países, a criação de fundos soberanos teve o objetivo de usar excedentes de reservas internacionais em aplicações consideradas mais rentáveis, mas de maior risco.No caso do Brasil, a idéia em estudo pelo governo é ajudar na política voltada para as empresas que atuam no exterior. Atualmente, o Tesouro Nacional atua na compra de moeda para pagar dívida externa e o Banco Central para formar as reservas internacionais.Para Blanche, é necessário saber quanto vai custar ao Tesouro Nacional a criação do fundo. Ele afirmou que se o dinheiro vier da emissão de títulos públicos, a taxa real (descontada a inflação) é de 7,25%, diferentemente de outros países, em que a taxa chega a ser negativa, como em Singapura (-5,3%), nos Emirados Árabes (-7,3%) e na China (-3,8%).Na opinião de Blanche a medida favoreceria um segmento e não toda a economia brasileira. “É um política protecionista para alguns setores que o governo vai escolher. Isso é uso político e não de mercado”.“Tem que deixar o mercado funcionar, com bons vigias. Tem que ter regras claras”, disse referindo-se à taxa de câmbio. Ontem (6), o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que o objetivo da criação do fundo não é conter a valorização do real, uma vez que esse tipo de instrumento é formado por moeda americana. Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o fundo soberano funciona para montar uma estratégia de apoio à prestação de serviços, e à ampliação de atividade das empresas brasileiras, particularmente no exterior. “É uma empresa que quer vender serviços, fazer incorporação de outras que poderá ser financiada através desse mecanismo".