Antigas celas do Dops em SP recebem exposição fotográfica sobre a ditadura

01/05/2008 - 18h38

Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As celas do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em São Paulo, onde vários presos políticos ficaram detidos e alguns foram torturados e assassinados, foram palco hoje (01) da inauguração de uma exposição fotográfica, que reconta a história da resistência à ditadura militar no Brasil, entre os anos de 1964 e 1985.O prédio onde funcionava o Dops está reformado, as celas não guardaram os registros feitos pelos presos, como as inscrições nas paredes, que foram apagadas por pinturas, ou os pequenos buracos entre as celas, que serviam para os presos se comunicarem, que foram tampados. O cenário atual foi bastante criticado por autoridades, ex-presos políticos e familiares, na inauguração da mostra. Para eles, conservar o local como era, seria importante para manter viva a memória e a história de resistência dos chamados "anos de chumbo".“Os escritos na parede pelos presos foram apagados, nós não queremos isso, que a história seja esquecida, nós queremos uma referência das celas do Dops para que elas nos mostrem o que foi aquela época”, disse o Secretário da Cultura do estado, João Sayad. Ele informou que vaitentar deixar o prédio o mais perto possível do que foi a realidadenaquele período, para que represente de fato “a memória da resistênciadaqueles que lutaram pelo nosso país”.“Nós precisamos reconstruir a nossa história, não queremos as celas pintadas, queremos reconstruir a memória do que foi e daqueles que passaram por aqui. A memória é importante para qualquer povo que se orgulha de si mesmo. Países da Ásia e Europa preservam a história há milênios e nós temos que fazer isso aqui e revigorar a luta que o povo teve”, avaliou o Governador de São Paulo em exercício, Alberto Goldman.O coordenador do Fórum dos ex- presos e perseguidos políticos do Estado de São Paulo, Rafhael Martinelli, comentou que quando esteve preso foi testemunha das torturas e assassinatos cometidos dentro do Dops e acredita que o local passa a ser agora “o símbolo da resistência democrática contra a ditadura. Passa a ser uma referência histórica para que nunca mais aconteçam as barbaridades cometidas contra o cidadão, em nome de uma ordem econômica injusta e por uma classe dominante sinistra”, disse Martinelli.A exposição Direito à Memória e à Verdade: a Ditadura no Brasil 1964-1985 reúne 110 fotografias e foi concebida pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e marca também a mudança de nome do espaço expositivo, que passará a se chamar Memorial da Resistência (atual Memorial da Liberdade), na estação Pinacoteca, na região da Luz.