Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, Tarso Genro, negou hoje (29), em entrevista coletiva, que a Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, tenha incluído parlamentares em suas investigações. Ele disse que as investigações foram feitas durante cinco meses "dentro da maior correção". A operação desarticulou quadrilha acusada de envolvimento com prostituição, tráfico de mulheres e fraude na concessão de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo informações divulgadas pela imprensa, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, teria sido investigado pela Polícia Federal por tentativa de criar um escândalo para atingir o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o então secretário municipal do Trabalho, Geraldo Vignoli. A razão estaria ligada a interesses eleitorais em torno da prefeitura de São Paulo"Pode ter havido apenas a presunção de que deputados estariam sendo investigados", disse o ministro. Segundo ele, esse entendimento pode ter ocorrido devido "ao fato de que cerca de 20 advogados que trabalham para acusados na Operação Tereza receberam disquetes sobre as investigações". O ministro conversou hoje com o diretor geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, e negou que o órgão tenha vazado informações sobre as investigações. De acordo com Tarso Genro, a suposta investigação sobre deputados pode ter sido mencionada por advogados como tática de defesa para que os acusados sejam julgados pelo Supremo Tribunal Federal. "Se foi assim, a tática foi inadequada, pois se houvesse alguma suspeita é que ocorreria investigação". No entanto, ressalvou, "a Polícia Federal trabalha sem qualquer critério político, ideológico ou religioso". Quanto à divulgação de fotos tiradas dentro do Congresso Nacional, em que aparece um lobista investigado pela operação, o ministro afirmou que o Parlamento é um lugar público, livre para transeuntes, onde se fazem filmagens. E não consta que a Polícia Federal tenha acessado o plenário ou invadido a privacidade de gabinetes para bater fotografias, acrescentou.