Infra-estrutura lidera demanda por recursos do BNDES no primeiro trimestre

29/04/2008 - 18h41

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou em 12 meses até março R$ 70,2 bilhões, com  aprovações de R$ 102,6 bilhões. São os mais altos níveis de desembolsos e aprovações já alcançados pela instituição, com aumentos de 25,4% e de 22,3%, respectivamente, na comparação com o período anterior.

Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o desempenho no primeiro trimestre de 2008 acompanha a sustentação do crescimento da economia, cujos números revelam expansão do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país)  de 6,2% em relação ao quarto trimestre de 2007. Na mesma base de comparação, o investimento subiu 16% e o consumo das famílias, 8,6%. Coutinho lembrou que há 24 trimestres o PIB vem crescendo e há 11 trimestres a formação bruta de capital fixo (investimento) cresce acima do PIB.

No primeiro trimestre, os desembolsos do BNDES somaram R$ 16,4 bilhões, com expansão de 45,4% contra igual período em 2007. Para infra-estrutura, as liberações do banco cresceram 61,3% e para a indústria o aumento foi de 38%.

O segmento da infra-estrutura liderou a demanda por recursos no período, com destaque para transporte terrestre, que registrou alta de 38,6%, e para energia elétrica (498,4%). Em relação à indústria, Coutinho disse que os segmentos mais importantes foram material de transporte, química e petroquímica, metalurgia, indústria mecânica e alimentos e bebidas: “A indústria em geral tem reagido de forma muito positiva,  com investimentos distribuídos de forma bastante ampla.”

Os dados divulgados hoje (29) revelam que enquanto o segmento de infra-estrutura teve os desembolsos ampliados em 65% entre abril de 2007 e março de 2008, a indústria apresentou queda de 5,4%  no mesmo período. A retração, segundo Coutinho, está relacionada às operações destinadas à exportação, envolvendo financiamento de pré-embarque, principalmente de veículos. Mas considerados os dados relativos à indústria para o mercado interno houve crescimento de 20,6% nos desembolsos do período. A expectativa do presidente do BNDES é de que “os aumentos do investimento virão com  muita força nos próximos anos”.

As aprovações também tiveram crescimento de 21,5% no primeiro trimestre, atingindo R$ 21,7 bilhões. A queda de 24,6% nas aprovações para infra-estrutura decorre de “fatos acidentais”, explicou Coutinho, e não constitui tendência. O acumulado de 12 meses, com aprovações de R$ 102,6 bilhões, mostra “que a pressão por recursos persiste – a carteira está crescendo a um ritmo de 20%, como reflexo do bom momento da economia”.Luciano Coutinho destacou que a redução no nível de utilização da capacidade instalada pela indústria de transformação, a partir de  novembro do ano passado, mantendo-se acima dos 82% até fevereiro deste ano, mostra que o patamar está alto, “mas sem uma intensificação perigosa, ou seja, significa incentivo a mais investimento e, ao mesmo tempo, está sendo mantido sob relativo controle pelo amadurecimento dos investimentos realizados”.Segundo Coutinho, esse amadurecimento contribui para manter o uso da capacidade numa faixa que estimula o setor a produzir, mas evita a formação de gargalos inflacionários: “Continua claro que nós temos um ciclo de crescimento saudável, onde o investimento tem mantido a liderança.”