Mylena Fiori
Enviada especial
Acra (Gana) - Enquanto governos e representantes das sociedadescivis de mais de 190 países debatiam, em Acra, as causas e osefeitos do boom das commodities agrícolas, ogoverno do Reino Unido anunciava um pacote de medidas para atacar adisparada dos preços mundiais dos alimentos. Quase US$ 1 bilhãoserão aplicados em diferentes ações de curto elongo prazos. A novidade foi rapidamente divulgada pelo Departamentopara o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido.A maior parte dos recursos anunciados hoje (22) -US$ 800 milhões - se destinará a cinco anos depesquisas em agricultura, com o objetivo de ajudar a produçãode alimentos nos países pobres. O Programa Mundial deAlimentos receberá US$ 60 milhões para países emsituação de maior risco. Outros US$ 50 milhõestêm endereço certo: a Etiópia.No anúncio dos recursos, o governobritânico relaciona as razões para a elevaçãodos preços dos alimentos. E não cita osbiocombustíveis, que vêm sendo apontados como vilõesdo boom das commodities agrícolas. Entre asexplicações estão o aumento da demanda mundialem razão do crescimento da população e a alta dopetróleo.Para a sociedade civil, a causa do boom dascommodities é o que menos importa. Em debate no Fórumda Sociedade Civil, representantes de movimentos sociais alertaramque os produtores não estão se beneficiando com a altados preços dos alimentos. E denunciaram falta de políticasagrícolas nos países em desenvolvimento."É falso pensar que quando os preçossobem são em benefício do produtor. São em benefíciode quem distribui", alertou Mamadou Cissokho, líder deprodutores agrícolas da África Ocidental. "Nãopodemos depender dos mercados mundiais para resolver nosso problemade alimentos. Precisamos que os países assumam suas própriasresponsabilidades para proteger seus agricultores e os mercadoslocais", defendeu.