Renegociação de Itaipu não é única meta econômica de Lugo, afirma professor

22/04/2008 - 11h01

Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A elevação dosvalores pagos pelo Brasil na compra de energia da Usina Hidrelétricade Itaipu não é a única aspiraçãoeconômica do governo do presidente eleito do Paraguai, FernandoLugo, afirma o professor de relações internacionais daPontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Osvaldo Dehon. Em entrevista hoje (22) à RádioNacional, ele enumerou algumas das metas anunciadas pelo novo governo do paísvizinho.“Vincular todo o tipo de mudançaeconômica apenas com a alteração no que dizrespeito ao contrato com o Brasil seria realmente uma marolapolítico-eleitoral, o que não é condizente comnovos ventos que trazem o governo Lugo.”Fernando Lugo não foi oúnico a defender em campanha o reajuste dos valores pagos peloBrasil, lembra o professor. Outros candidatos insistiram naimportância da revisão do tratado.“Obviamente, [o assunto] temcerto apelo eleitoral. Isso não apenas foi apresentado nacampanha por Lugo, mas também por todos os seus concorrentes.Não é apenas alguma coisa que tenha aparecido nestemomento. Na outra campanha, isso também apareceu.”A despeito das intençõesparaguaias, o presidente Luiz Inácio Lula Silva afirmouque não vai rever o tratado de Itaipu. O ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, entretanto, disse que um eventual reajustenas tarifas pagas pelo país não está descartado.Para Dehon, o governobrasileiro terá de estar aberto ao diálogo. O professorlembra que a economia do Paraguai é pequena e deveestabelecer outras prioridades. O combate à corrupção,segundo ele, tem sido anunciado como centro das metas.“Há uma série detentativas neste momento. Há uma comissão constituídapelo presidente eleito no intuito de poder conduzir a transiçãoe existe uma série de pontos prioritários. Em primeirolugar, o presidente quer acabar com a corrupção e fazercom que não haja uma sangria dos recursos públicos.”O professor também destacaa previsão de investimentos para impulsionar as exportações agrícolas. Ele afirma que os paraguaios estão atentos àexpansão brasileira no setor. Planos para diversificar ocomércio e a indústria também foram apontadoscomo elementos para desenvolver a economia do país vizinho.Finalizadas no último domingo, as eleições do Paraguai foram realizadas em turno único. A vitória de Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para a Mudança, interrompeu uma série de mais de 60 anos de governos da Associação Nacional Republicana (ANR), o Partido Colorado. Segundo as autoridades eleitorais do país, 65% dos quase 3 milhões de eleitores compareceram aos locais de votação.