Greve dos auditores e rodízio de caminhões podem travar a indústria, diz Ciesp

22/04/2008 - 16h27

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diretor do Centro eFederação das Indústrias do Estado de SãoPaulo (Ciesp/Fiesp) em Santos, Ronaldo Forte, alertou hoje (22) parao risco de o país “entrar num movimento de retrocesso nomercado mundial e reverter o aumento de 1,2% de sua participaçãoglobal”, devido ao impacto da greve dos auditores fiscais na áreaprodutiva. A paralisação já dura 34 dias.Segundo ele, o setor industrial também começa ase preocupar com o novo sistema de rodízio de caminhõesem São Paulo. A medida, que entrará em vigor em maio,afetará o trânsito de mercadorias rumo ao Porto deSantos, disse Ronaldo Forte, ao citar dados da Ecovias,concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes,indicando que cerca de 400 caminhões cruzam os pedágiosdiariamente. Com as restrições de circulação,pode haver acúmulo desses veículos, com viagens emhorários antecipados, acrescentou Forte. ”Isso pode truncaro fluxo, tanto nas rodovias quanto em Santos”, disse ele,referindo-se aos congestionamentos nas vias e no terminal de cargas. De acordo com o diretor do Ciesp, na reuniãode hoje do Comitê de Infra-Estrutura e Logística, emSantos, o assunto chamou mais atenção que os efeitos dagreve dos auditores, mas isso significa que tenha-se reduzido apreocupação do setor com os impactos da paralisação.Ele ponderou que concorrentes do país no mercado internacionalpoderão aproveitar o episódio para ganhar espaço“onde o Brasil deixou de suprir”, por dificuldades no escoamentodas exportações.A greve dos auditores entrou num impasse: eles rejeitam a proposta do governo de reajuste gradual até2010 para chegar à equiparação com os delegados daPolícia Federal (teto no Executivo, com salárioem torno de R$ 20 mil). O governo alega limitaçãoorçamentária para não atender o pedido dos auditoresque querem antecipar o cronograma para 2009. Nota divulgada hoje pelo presidente do Unafisco Sindical, Pedro Delarue, diz que o cronograma do governo para implantação do reajuste também tem levado a atrasos na resolução das negociações. "O governo insiste em um calendário de reajustes com término em julho de 2010, enquanto os auditores fiscais reivindicam que a data final seja abril de 2009." Delarue afirma, na nota, que o entendimento depende da boa vontade do governo, e não apenas da categoria.O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo,reiterou hoje (22), em São Paulo, que o governo “nãotem como avançar” e disse acreditar em volta ao trabalhoainda nesta semana. “Nossa expectativa é que após adecisão da Justiça, determinando o corte do ponto,fique demonstrado que não podemos avançar do ponto devista econômico e tenhamos um acordo.”Só no setor eletrônico, envolvendoprodutos de imagem e som, além de componentes, a greve jácausou prejuízos estimados entre US$ 120 milhões e US$150 milhões, segundo cálculos apresentados pelaAssociação Brasileira da Indústria Elétricae Eletrônica (Abinee). O valor refere-se a reduçãoda produção, perdas com faturamento e multas poratrasos no cumprimento de contratos. Os dados foram apresentados nasemana passada, em Brasília, pelo presidente Abinee, HumbertoBarbato, em reunião com o ministro do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.