Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A 1ª Conferência Estadual GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais), realizada na cidade de São Paulo ontem (12) e hoje, traz um saldo positivo para o movimento, na avaliação de membros da organização do evento.“O principal ganho é que a conferência conseguiu trazer de volta pessoas e grupos que haviam se afastado do movimento GLBTT por não concordar com a partidarização do movimento que estava ocorrendo em São Paulo”, disse o professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA) Ferdinando Martins, membro do Fórum Paulista GLBTT e do comitê organizador da conferência.O secretário para América Latina e Caribe da Associação Internacional de Gays e Lésbicas, Beto Jesus, defendeu que a conferência é suprapartidária e que o movimento tem muitos problemas que merecem “maiores preocupações neste momento”. “As pessoas participam pelo seu próprio interesse. Se as pessoas são filiadas a partidos, isso é uma condição peculiar de quem é cidadão e de quem exerce seus direitos".Na opinião dele, o governo estadual é falho ao lidar com esse assunto. “Não há uma coordenadoria da diversidade sexual no estado de São Paulo, como o governador preconizou em seu plano de governo, como nós temos no município. [Não há] uma escola de diversidade, que trabalharia com os professores as noções de diversidade, inclusão, respeito".Na avaliação da fisioterapeuta e consultora na área de saúde, Irina Bacci, que também é do Fórum Paulista GLBTT e do comitê organizador da conferência, o evento, organizado pela Secretaria Estadual de Justiça e Defesa da Cidadania, mostra que há um compromisso do governo com o movimento. “Há uma abertura e uma ampliação de diálogo com o segmento e de uma efetivação das políticas públicas que foram propostas aqui na conferência”.Segundo ela, há uma aceitação da sociedade em relação ao movimento GLBTT, não por diminuição do preconceito, mas sim por tolerância e contra a violência. “Infelizmente, a sociedade não tem nos aceitado somente pelo fato de entender ou de compreender que não há diferença entre heterossexuais e não heterossexuais. Na verdade, acho que essa tolerância que vem havendo da sociedade, acho que se reflete mais pela violência gritante que existe contra o segmento, e isso obviamente as pessoas acabam não tolerando”.“Nós queremos que a lésbica seja bem tratada no serviço de saúde, que os policiais parem de agredir os travestis, que a segurança pública dê proteção aos jovens gays em locais públicos onde são atacados. Independente se foi uma conquista de tal partido ou de tal deputado que propôs a lei, nós queremos que solucionem os nossos problemas, que garantam a tolerância e o respeito para a diversidade sexual”, defendeu Ferdinando Martins.Para ele, umas das bandeiras do movimento GLBTT é a defesa do Estado laico, que existe na legislação, mas de fato “não é laico até hoje". “Nós tivemos manifestações da bancada evangélica na Assembléia Legislativa para impedir a realização da conferência aqui. Se olharmos nesse mesmo prédio, tem um crucifixo enorme no Hall Monumental”. A conferência foi realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo.