Tendência de alta de produtos agrícolas deve se manter, avalia Stephanes

11/04/2008 - 17h41

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os preços dosprodutos agrícolas estão crescendo e a tendênciadeve se manter porque o consumo vem aumentando mais que a produção.A avaliação é do ministro da Agricultura,Reinhold Stephanes. Segundo ele, quase todos os estoques mundiaisestão pela metade e alguns países passaram a consumiralimentos que, há pouco tempo, não faziam parte de suatradição. “A China, porexemplo, não importava soja há 12 anos, nenhum grão.Hoje ela importa 30 milhões de toneladas de soja. Os EstadosUnidos não usavam nem um quilo de milho para produzir álcool,hoje já são 80 milhões de toneladas paraproduzir álcool. Ou seja, o mundo está crescendo, sedesenvolvendo e as pessoas estão ganhando mais e comendo mais.Países que comiam pouca carne, hoje são grandesimportadores de carne. Isso está fazendo com que os preçosse elevem, estão num novo patamar, e devem continuar nessenovo patamar”, estima o ministro. Dados divulgados naúltima quarta-feira (9), pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), mostram que, em março,osalimentos passaram a ter influência maior sobre a inflação.O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que medea inflação, ficou em 0,48% em março, pressionadopelo grupo alimentação. Sozinho, o grupo representou0,20 ponto percentual do IPCA de março. Os alimentosregistraram alta de 0,89%. Por outro lado, odiretor de Gestão de Estoques da Conab, RogérioColombini, disse que a alta dos preços deve incentivar osprodutores rurais brasileiros, que, em alguns ramos do setor,acumulavam prejuízos há alguns anos. “Vai estimularmuito o nosso setor agrícola a aumentar a produção[de grãos] . Nós já estamos batendo recordes,devendo chegar esse ano a 141 milhões de toneladas e, ano quevem, se Deus quiser, chegaremos a 150 milhões”, prevê.Os estoques, quandoem níveis suficientes, podem contribuir para controlar ainflação de alimentos. Como forma de aumentar osestoques do governo, que estão abaixo do ideal, Colombiniinformou que os preços mínimos dos principais produtosagrícolas devem ser reajustados para a próxima safra deverão. “Há uma perspectiva de alterar os preçosmínimos, em função dessas evoluções.Estão sendo estudados para serem afixados na próximasafra de verão, que vai ser plantada daqui há um ano”,diz o técnico. Hoje (11), ementrevista ao programa Notícias da Manhã, da RádioNacional, o pesquisador do Centro de Estudos Agrícolas doInstituito Brasileiro de Relações Exteriores(IBRE-FGV), Mauro Lopes, explicou que a aumento do consumo de carneinflui bastante sobre o consumo de grãos, base da alimentaçãodo gado brasileiro. "Isso aumentou a demanda por raçõese agravou o problema dos índices de preços de grãos”,explica. Lopes tambémafirmou que o uso de parte significativa das 300 milhões detoneladas de milho produzidas nos Estados Unidos, para produçãode etanol, prejudica países que têm o grão comobase da alimentação, pressionando os preços.