Biocombustíveis são tão inviáveis quanto extração de petróleo, diz ativista

11/04/2008 - 14h19

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O consumo de energia para transportebaseado na produção de biocombustíveis é“tão inviável” quanto a extração de petróleo para o mesmo fim. A avaliação édo representante da Organização Não-Governamental(ONG) Programa Cone Sul Sustentável, Pablo Bertinat.

Ao participar hoje (11) do segundodia da Conferência Especial pela Soberania Alimentar, pelosDireitos e pela Vida, Bertinat explicou que a discussão sobreos biocombustíveis na América Latina e no Caribeenvolve a possibilidade de a região se constituir como grandeprovedora da tecnologia para o mundo.

“Isso é uma fascinaçãoque impactou nosso governos, mas que é perigosa porque,seguramente, vai ocasionar um impacto muito forte sobre osterritórios em todo o continente. Não só sobre aterra, mas sobre as pessoas que vivem nas terras e sobre suasculturas.”

Bertinat lembrou que na Argentina,seu país de origem, as apostas nos biocombustíveisimplicaram um grande avanço da fronteira agrícola sobrea floresta natural, provocando fortes impactos ambientais e naspopulações regionais. Ele garante que no Brasil –maior produtor de biocombustível no mundo – o cenárionão é diferente.

“Não estamos discutindo seos biocombustíveis são bons ou maus. Estamos falando domodelo de produção fortemente químico, queutiliza transgênicos e que tem impacto forte sobre sobre afertilidade do solo e sobre a populações que vivem noslocais, que se vêem impactadas pelos agrotóxicos.”

Ele acredita que a corrida dospaíses latino-americanos em busca da expansão dosbiocombustíveis é “correr atrás de algo que éimpossível de se alcançar”. Segundo Bertinat, pensarque o consumo do transporte no mundo pode ser abastecido combiocombustíveis é “inviável”, porque implicaum grande impacto a médio e longo prazos.

“Não há saídacom esse modelo de transporte e de consumo atual, porque nãose pode baixar o nível de consumo. Deve-se pensar em um modelode transporte mais racional, que não utilize automóveisou caminhões.”