Especialistas divergem quanto à tendência do Copom em elevar taxa básica de juros

13/03/2008 - 16h00

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A informaçãoda ata da reunião do Comitê de Política Monetária(Copom) de que o colegiado pensou em realizar “ajuste”na taxa básica de juros (Selic) gerou divergências deopinião entre especialistas. Apesar de terconsiderado a opção de aumentar os juros, conforme consta na atada reunião do Copom divulgada hoje (13), prevaleceu oentendimento de que, naquele momento, “o balanço dos riscospara a trajetória prospectiva central da inflaçãojustificaria a manutenção da taxa básica em seupatamar atual”, de 11,25%. A reunião foi realizada nos dias4 e 5 deste mês.Para o economistaNewton Rosa, da SulAmérica Investimentos, a ata da últimareunião do Copom foi mais conservadora do que as anteriores eindica que o colegiado está na iminência de elevar ataxa básica de juros. “A explicitação dessaintenção [de elevar a Selic na última reuniãodo Copom] é um sinal claro de que o Copom está naiminência de elevar os juros”, disse o economista. Para Newton Rosa, o comitêconsiderou que os investimentos feitos pelos empresários nãoforam suficientes para atender ao crescimento da demada. Com isso, na avaliação do economista, oCopom considera que há um descompasso entre oferta e demanda.Rosa acredita que ocenário de turbulências externas, o aumento do preçodas commodities e a desvalorização do dólar anteo real são elementos que podem levar o Copom a se decidir porelevar a Selic. “Com um quadro externo maiscomplicado, diminuiu a contribuição positiva do setorexterno sobre a inflação”, analisou. Para o consultor e ex-diretor do Banco Central,Emílio Garofalo, a ata apenas reflete o que o colegiado estavapensado nos dias da reunião. “Não é um guiapara as decisões futuras. Na próxima reunião, oCopom vai voltar a avaliar os dados de inflação e aeconomia internacional”, avaliou. No último dia 5, o Copom decidiu porunanimidade manter a taxa Selic em 11,25% a.a., sem viés, ouseja, sem possibilidade de ser revista antes da próximareunião. ParaGarofalo, a decisão do Copom foi influenciada pelocenário externo que “estava bastante confuso” por contada desaceleração da economia americana. Ele afirmou ainda que os últimos dados sobre inflação “sãobons”. “Os dados não estão mostrando risco, apesarda ameaça que nos traz os preços do petróleo [em alta], o quepode levar à uma inflação mundial”, afirmou.No mêsde fevereiro, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de parâmetro para o governo, foi menor do que a registrada no mês anterior. O centro da meta de inflação do governo é de 4,5% no ano. A próxima reunião do Copom será realizada nos dias 15 e 16 de abril.