Corte na lista de fazendas enviada à UE foi iniciativa brasileira, diz embaixador

13/03/2008 - 8h48

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Por decisão unilateral do Ministério da Agricultura foram cortadas entre seis e oito das 106 fazendas brasileiras autorizadas a exportar carne bovina para a União Européia. A informação é do embaixador da União Européia no Brasil, João Pacheco, que falou com exclusividade à Agência Brasil pouco antes entrevista nos estúdios da TV Brasil, ontem (12) à noite. "A iniciativa foi do Ministério da Agricultura, essa é uma responsabilidade do ministério", frisou o embaixador.A relação de propriedades rurais foi apresentada pelo governo brasileiro com garantia de rastreabilidade. Depois de recusar listas anteriores, maiores, no dia 27 de fevereiro a União Européia aceitou a indicação de 106 fazendas e iniciou inspeção por amostragem em cerca de 30 delas - segundo Pacheco, a relação foi aprovada pois a UE considerou que as auditorias tinham seguido os requisitos acordados com o governo brasileiro.Esta semana surgiram boatos de que algumas propriedades teriam sido banidas da lista pela missão técnica européia - que deve concluir seus trabalhos na próxima sexta-feira, com reunião no Ministério da Agricultura. De acordo com João Pacheco, as fazendas retiradas da lista não chegaram a ser inspecionadas.O embaixador reiterou que a UE não impõe um número limite de exportadores e que serão aceitos tantos quantos forem considerados aptos pelo governo brasileiro. "O céu é o limite, não há qualquer limite quantitativo. Tudo depende das listas que forem enviadas pelo Ministério da Agricultura com as fazendas devidamente auditadas", assegurou.Segundo ele, a única exigência é de que os exportadores cumpram os critérios acertados entre a União Européia e o governo brasileiro – o principal deles refere-se ao rastreamento dos animais. "Tem que haver um registro de onde esteve o gado nos 90 dias antes de ser enviado ao frigorífico", explicou.O embaixador informou que a polêmica quanto à rastreabilidade começou devido a problemas com o Sistema Brasileiro de Identificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). "Desde 2002 tínhamos um acordo com o Brasil para rastreabilidade e o sistema apresentava problemas. Quando houve uma inspeção nossa no final do ano passado, constatou-se que esses problemas graves continuavam", relatou.Entre os problemas, ele cita como exemplo a falta de identificação de animais ou desencontro de informações entre o registro e a real situação do gado. "Fomos obrigados a chegar à conclusão de que o sistema como um todo não dava as garantias necessárias e passamos a outro requisito que é a certificação exploração por exploração [propriedade de exploração pecuária], e é nessa fase que agora estamos. Precisamos de listas de explorações que preencham os requisitos e não mais a auditoria de um sistema global de rastreamento", esclareceu.Segundo ele, nunca houve limite para tais listas, mas apenas uma recomendação técnica de Bruxelas de que fossem autorizadas as exportações de 300 fazendas. "Era o número que nós pensávamos que seria possível o governo auditar numa primeira fase. Ao final, o número auditado foi de 106", argumentou.