Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Terra barata, ausência do Estado nas áreas ambiental, de segurança pública e regularização fundiária, práticas predatórias como as queimadas e estímulo financeiro governamental – estes são alguns dos fatores que colocam o Brasil no ranking dos desmatadores, apontados pelo documento encaminhado ontem (28) pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) à União Européia.Sob o título A Pecuária e o Desmatamento no Brasil, o ofício é assinado também pelas entidades ambientais Rede de ONGs da Mata Atlântica, Fórum Mineiro de ONGs Ambientalistas, Associação Brasileira de Águas Subterrâneas e Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.A intenção é pedir às autoridades européias que observem a legislação ambiental brasileira durante o processo de habilitação de fazendas que estariam aptas a exportar carne bovina ao bloco econômico.A missão da União Européia que está no Brasil para inspecionar o sistema de controle sanitário (Sisbov) já deu parecer favorável a 106 fazendas. Desde 30 de janeiro, as exportações de carne bovina para o bloco estão suspensas.As entidades querem aproveitar o momento para incluir nas discussões, além da rastreabilidade dos animais, a questão ambiental. Para isso, argumentam que o país, ao mesmo tempo em que abriga a maior reserva de biodiversidade do mundo, é um dos campeões do desmatamento.“Queremos que a lei seja cumprida. Não nos posicionamos contra a exportação da carne brasileira nem contra a atividade agropecuária em si", disse a superintendente executiva da associação mineira., Maria Dalce Ricas.Como o país também é um dos maiores exportadores mundiais de carne bovina, ela propôs uma solução para que, caso cresça a demanda internacional, novas áreas destinadas à criação não sejam abertas.“Nós temos um gigantesco estoque de terras já desmatadas em todo o Brasil Central, subutilizadas ou abandonadas. Se essas terras fossem recuperadas e resgatadas para as atividades agropecuárias de forma geral, poderíamos produzir muito mais, sem precisar substituir nossas florestas por pastos", afirmou.Procurado para comentar o assunto, o Ministério da Agricultura informou por meio de sua assessoria que não se pronunciará, por se tratar de assunto entre associações particulares e a União Européia.