Disputa por cargos na CPI dos Cartões marcará pauta do Congresso

16/02/2008 - 9h05

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As lideranças da base governista e da oposição preparam-se para começar uma semana com a pauta voltada para a divisão dos cargos de direção da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará o uso indevido de cartões corporativos por servidores e autoridades públicas.DEM e PSDB insistirão em ter a presidência ou a relatoria. Nesta semana, o PMDB do Senado indicou Neuto de Conto (SC) para a presidência e o PT da Câmara, Luiz Sérgio (RJ).“Não vamos aceitar esta provocação dos governistas”, afirmou o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), indagado sobre a iniciativa da base aliada em definir os cargos na comissão. Até quarta-feira (20), quando em sessão do Congresso Nacional deverá ser lido o requerimento e em seguida instalada a CPMI, a oposição terá "cautela" e, segundo Maia, buscará um acordo com os governistas para obter um dos dois principais cargos da comissão.O líder do DEM defendeu ainda que se essas iniciativas forem frustradas, a oposição deverá repensar sua estratégia. Pessoalmente, ele inclusive citou a possibilidade de uma CPI exclusiva do Senado.Já o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que defenderá a CPI mista, a fim de testar os governistas no que diz respeito a uma investigação profunda sobre o uso dos cartões corporativos. “Se ficar claro que o governo não quer investigar, aí partiremos para outra alternativa, que pode ser uma CPI no Senado”, disse. Na opinião de Guerra, o tema "é tão polêmico” que não há como a Comissão deixar de funcionar, com ou sem o compartilhamento do comando com a oposição.O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse temer pelos trabalhos normais do Congresso, especialmente do Senado, se for criada mais uma CPI para investigar o uso dos cartões corporativos: “Isso não é viável. Uma CPMI já envolve muitos senadores. Com a CPI exclusiva envolveria ainda mais. Pode comprometer, sim, os trabalhos da Casa.”Durante toda a semana, ele defendeu a divisão do comando da CPMI. Em entrevista à Agência Brasil, no entanto, disse que "não encontrou tempo para essas conversas", devido ao volume de trabalho na Presidência do Senado. E que não pretende participar mais dessas negociações. “Só vou entrar em casos muito excepcionais. Acho melhor ficar na presidência, me resguardar, para resolver problemas maiores”, afirmou.  O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que estará na segunda-feira (18) em Brasília para tentar dar andamento às negociações com a oposição. E que não considera viável a abertura de uma CPI exclusiva do Senado para investigar os cartões corporativos. “Abri mão da CPI do Senado porque a oposição queria uma CPI mista”, afirmou o líder, que no primeiro dia de trabalho do Congresso apresentou o requerimento para criação da Comissão Parlamentar de Inquérito.Jucá disse não saber se ainda é possível negociar, com a oposição, o compartilhamento do comando da Comissão mista, uma vez que o PMDB e o PT já fizeram suas indicações.A CPMI terá 24 representantes e não mais 22, como estava previsto no requerimento. O objetivo é contemplar os partidos pequenos na Câmara e no Senado que, devido ao critério da proporcionalidade, foram excluídos da composição da comissão.O critério de escolha, de acordo com a Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmara, será pelo rodízio dos pequenos partidos nas comissões. Assim, a vaga na Câmara caberá ao Partido Verde (PV) e no Senado, o P-SOL reivindica, mas a definição só ocorrerá no dia da instalação da CPMI.