Para ativista, falta de leis e impunidade geram violência contra homossexuais

15/02/2008 - 19h45

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A violência contra homossexuais emPernambuco é fruto da falta de leis que protejam o segmentocontra a discriminação e da impunidade. A opiniãoé do secretário da organizaçãonão-governamental (ONG) de defesa dos direitos doshomossexuais Leões do Norte, Wellington Medeiros, que afirma que dificilmente as investigações chegam aos agressores eainda mais raramente resultam na sua punição. “As pessoas ficam seguras que a impunidade, nocaso de um crime cometido contra homossexual, vai deixá-lasprotegidas da investigação e conseqüentemente elaspodem praticar os crimes porque sabe que não haveráinteresse do aparelho do estado em chegar até o criminoso”. As cinco mortes de travestis, registradas entrejaneiro e fevereiro deste ano, foram discutidas ontem (14) duranteuma audiência na Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. Orepresentante da ONG apontou a necessidade de atuaçãodo governo para combater a discriminação e opreconceito no estado.Em entrevista à Agência Brasil,Medeiros disse não acreditar na versão da políciade que os crimes tenham sido causados somente pelos atos cometidospelos travestis, mas que envolvam preconceito. “Essas mortesnão acontecem com outros segmentos sociais. Há pessoasque cometem crimes diariamente em vários locais do Recife, sãodenunciadas e, no entanto, não acontece a morte dessas pessoasque praticam esse crime, que supostamente está sendorelacionado com os travestis, que seria o assalto”.Ele destacou que outros grupos alvo dediscriminação, como negros e mulheres, têm leisde proteção contra o preconceito, graças àforça de movimentos sociais que cobram respostas dosgovernos, enquanto os travestis continuam excluídos daproteção e do direito de providências a respeitodas agressões.Para ele, enquanto o governo do estado nãocriar uma instância para discutir as demandas dos homossexuaise encontrar formas concretas de combater o preconceito nas escolas ena sociedade os crimes vão continuar. “Os casos deviolência contra homossexuais, ou qualquer outro segmentoexcluído da sociedade não são casos de polícia.Tornam-se casos de polícia quando não háações concretas.”Segundo ele, quase 70% dos travestis sãoanalfabetos porque não “aguentam a pressão na sala deaula” e, por serem rejeitados pelas famílias, acabam tendocomo única alternativa a prostituição. De acordocom levantamento realizado pela ONG Leões do Norte, em média, doishomossexuais são mortos a cada mês em Pernambuco.