Brasil não terá prejuízo com decisão européia de suspender compra de carne, diz CNA

15/02/2008 - 13h38

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A decisão daUnião Européia de suspender as importaçõesde carne in natura brasileira é resultado de pressão deprodutores ingleses e irlandeses. Entretanto, o bloqueio nãorepresenta prejuízos econômicos para o Brasil, que podeexportar para outros mercados ou atender ao consumo interno.A avaliaçãoé do assessor técnico do Fórum Nacional dePecuária de Corte da Confederação Nacional daAgricultura (CNA), Paulo Mustefaga. No dia 31 de janeiro, a União Européia suspendeu a compra de carne do Brasil, alegando insuficiência das garantias sanitárias e de qualidade dadas pelo país. Desde ontem, técnicos do governo brasileiro e representantes do bloco europeu negociam, em Bruxelas, pontos para retomar as importações da carne brasileira, mas o Ministério da Agricultura ainda não divulgou  informações sobre a reunião. Para ele, o bloqueio éfruto de “pressões e campanhas difamatórias” deprodutores de carne ingleses e irlandeses no Parlamento Europeu paraimpor restrições à carne brasileira. “Como nãotêm um argumento sanitário consistente para imporbarreiras à carne brasileira, eles estão se valendo deargumentos técnicos de controle de movimentaçãode gado para impor restrições, mas, na verdade,isso é uma questão meramente comercial e econômica.”Para Mustefaga, osprodutores europeus não conseguem mais cobrir os custos deprodução. “Apesar dos elevados subsídios querecebem não conseguem competir com os produtos brasileiros quevem, ano a ano, ganhando mercado”, afirmou.De acordo comMustefaga, o bloqueio não representa prejuízo para oBrasil, uma vez que o país vem ampliando as exportaçõespara outros mercados. Outro fator é que as vendas para a UniãoEuropéia representam 15% (194 mil toneladas) do total vendidopelo país e 3% da produção. Mustefaga salientou, entretanto, que a importância do mercado europeu está nospreços pagos pelos países do bloco econômico epelo fato de as exigências serem rigorosas. Para ele, isso abre outrosmercados. “É um mercado importante, por ser muito exigente emtermos de condições sanitárias”. O Brasil exporta para a União Européiahá mais de 60 anos e nunca foi registrado caso de problemasanitário com a carne brasileira, acrescentou. Ele afirmou que nãoé justo restringir o número de exportadores a 300, comopediu a União Européia, uma vez que existem maisde 10 mil fazendas inscritas no Serviço de Rastreabilidade daCadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), que envolve umconjunto de procedimentos para caracterizar a origem, o estadosanitário, a produção e a segurança dosalimentos. “Não é justo essesprodutores, que realizaram investimentos, fizeram esse processo derastreamento, identificarem seus rebanhos, ficarem fora do processo.”