Raphael Ferreira
Da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 50 policiais da delegacia de São Cristóvão e da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) fizeram hoje (8) uma operação na Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, localizada na favela da Mangueira, zona norte do Rio de Janeiro. Os agentes realizaram uma perícia no local para verificar se a passagem encontrada durante uma operação na favela, no início do mês de janeiro, serviria de rota de fuga para traficantes de drogas.No local, os policiais encontram a passagem, localizada em uma casa sob o camarote da bateria da escola, completamente selada com tijolos. Eles derrubaram a barreira a marretadas. Uma escada interna, que leva à escola de samba, estava destruída. No barraco, estavam apenas escombros e encanamento aparente.Segundo o titular da delegacia de São Cristóvão, Márcio Caldas, pelo menos quatro pessoas do setor financeiro e da direção da Mangueira, incluindo o ex-presidente da escola Percival Pires, serão indiciadas por fraude processual. “É crime alterar um local que estava sendo alvo de perícia, estava interditado. Portanto, a princípio, provas foram descaracterizadas. Todas as passagens da casa foram fechadas.”Para Caldas, as péssimas condições da casa, a ausência de mobílias e o selamento das portas e janelas contradiz a versão dada à polícia pelo ex-diretor de bateria da escola, Ivo Meireles, que afirmou em depoimento prestado no começo de janeiro que o local serviria como residência de um zelador.Hoje (8), segundo a polícia, a direção da Mangueira alegou que a passagem serviria como local de entrada de instrumentos e que foi fechada para evitar especulações de envolvimento da escola com traficantes de drogas da região. O laudo da operação, que vai verificar se a passagem seria larga o suficiente para o tamanho dos instrumentos musicais, deve sair em no máximo 30 dias.A Polícia Civil pretende voltar à quadra da Mangueira, com mandados de busca e apreensão, para recolher livros de contabilidade do setor financeiro, e investigar como é feita a arrecadação de recursos para a manutenção e o funcionamento da escola. Durante a operação de hoje (8), houve uma explosão próxima ao local da quadra. Os policiais identificaram como uma bomba caseira chamada “malvina”. A explosão foi seguida por fogos de artifício. Ninguém se feriu, e não houve tiroteios.Desde o início de janeiro, a Polícia Civil investiga se a Escola de Samba Estação Primeira deMangueira teria envolvimento com o tráfico de drogas na favela.