Hugo Costa e Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deslizamento de terras, comum durante épocas chuvosas em bairros e invasões que surgem nas encostas de municípios brasileiros, é um problema mais preocupante doque as enchentes. A afirmação é do assessor técnico da Secretaria Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades, Leonardo Ferreira. “Os dados que nós temos apontam muito mais mortes emacidentes com deslizamentos do que com inundações. O deslizamento émuito mais violento, menos previsível e quando ele acontece temosmuitas vítimas. Nas enchentes poderíamos destacar mais a perdamaterial.”Deacordo com as informações do Ministério das Cidades, o estado atingido com mais gravidade por desmoronamentos é o Rio de Janeiro. Bahia,Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco e SantaCatarina também registram problemas dessa natureza.O surgimento de ocupações irregulares aumenta a possibilidade de deslizamentos de terras. Entre os problemas estão a falta de técnicas adequadas para asconstruções e o plantio de espécies prejudiciais ao solo de áreaselevadas, como é o caso da bananeira, que acumula água em excesso. Segundo Ferreira, áreas que poderiam resistir à chuva são fragilizadas pelo mau uso do solo.“A ocupação [de morros e encostas] cataliza o problema do deslizamento. Talvez uma área que não tenha habitação seja frágil perante um evento como a chuva. Então, o solo é saturado e escorrega. Mas quando se tem habitação, além de começar a existir risco para as pessoas, a área fica mais frágil ainda. Talvez aquela área sozinha não fosse escorregar, mas quando existe a ocupação [isso pode acontecer].”Em decorrência da forte chuva na região serrana fluminense, pelo menos nove pessoas morreram em deslizamentos no município de Petrópolis no início da semana e centenas de famílias ficaram desabrigadas.A página da Secretaria Nacional de Defesa Civil na internet informa que os desastres atingem sobretudo as populações mais pobres e comprometem investimentos governamentais.“Os desastres aumentam significativamente a dívida social, visto que as pessoas de menor poder aquisitivo são a imensa maioria das vítimas dos desastres, por estarem em áreas de riscos e muitas vezes não terem a percepção global de riscos. Além desse agravante, as ações de resposta aos desastres desviam escassos recursos financeiros de projetos produtivos que geram renda e emprego”, aponta texto do site. Confira alguma medidas sugeridas pela Defesa Civil para diminuir os riscos de deslizamento: Preservar a vegetação das encostas;
Consertar os vazamentos o mais rápido possível e não deixar a água escorrendo pelo chão. O ideal é a construção de canaletas;
Juntar o lixo em depósitos para o dia da coleta e não deixá-lo entulhado no morro;
Não acumular sujeira em lugares inclinados porque entopem a saída de água e desestabilizam os terrenos provocando deslizamentos;
Não jogar lixo em vias públicas ou barreiras, pois ele aumenta o peso e o perigo de deslizamento;
As barreiras em morros devem ser protegidas por drenagem de calhas e canaletas para escoamento da água da chuva;
Não cortar os terrenos de encostas sem licença da prefeitura, para evitar o agravamento da declividade;
Solicitar à Defesa Civil, em caso de morros e encostas, a colocação de lonas plásticas nas barreiras;
Proteger as barreiras com vegetação que tenha raízes compridas, gramas e capins que sustentam mais a terra.