Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Salvador - Os supostos excessos da Polícia Militar na abordagem de negros na Bahia não são fruto de um comportamento racista da corporação. A afirmação é do diretor de Comunicação Social da Polícia Militar do estado, coronel Aristóteles Borges. “Eu descarto [a existência de racismo na Polícia Militar do estado]. A Bahia, graças a Deus, é o estado mais negro do Brasil, e a Polícia Militar é a instituição mais negra do estado. É por isso que lutamos contra o preconceito que é inclusive sofrido por nós”, disse o coronel Borges, reconhecendo-se afro-descendente. Em entrevista à Agência Brasil, o coronel ressaltou a presença numerosa de negros entre os dirigentes da PM e repudiou qualquer tipo de discriminação. “Destacaria que a maior parte dos cargos de direção, a partir do comandante-geral , é ocupada por oficiais e coronéis negros, porque essa é a nossa origem. É de lá que nós viemos. Sobretudo nós descartamos [o comportamento racista], porque nós somos ideologicamente engajados contra o preconceito e contra esse câncer que é o racismo.”Outro aspecto que, na visão do coronel, comprova o respeito à diversidade racial na corporação é a existência de um núcleo para preservação da cultura negra e combate ao preconceito. “Temos na corporação um núcleo de religiões de matriz africana para dar dignidade a essa cultura religiosa que veio da nossa mãe África e que tem a meta de lutar contra qualquer forma de preconceito e discriminação.”Apesar das afirmações, uma organização de defesa dos afro-descendentes protestou durante o carnaval de Salvador contra o modo de operar da polícia que, segundo os participantes, seria discriminatório. Matéria publicada pela revista Carta Capital desta semana também aponta a execução de jovens negros na Bahia. A polícia estadual investiga os casos.