Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os motociclistas participam de 56% dos acidentes com vítimas que ocorrem no trânsito da capital. A frota de motos, no entanto, corresponde a apenas 9% do total dos veículos na cidade – aproximadamente 5,5 milhões. Os números são da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo e se referem ao ano de 2006.Em relação a acidentes de trânsito com mortes – são registrados cerca de 1,4 mil por ano no município – as motos estão envolvidas em 25,6% dos casos. “Este é um índice alarmante e exige que a gente persiga um caminho de resultados a curto prazo”, afirma o presidente da CET, Roberto Scaringella.Levando-se em conta os anos de 2004 a 2006, o número de mortes que mais cresce no trânsito na cidade é o de motociclistas, com aumento de 19,5%. Na mesma comparação, o de pedestres mortos cresceu 4,2% e o de ocupantes de carros, caminhões e ônibus diminuiu 16,7%.Apesar de formarem uma frota relativamente pequena em relação aos carros, caminhões e ônibus, as motos participam de mais acidentes com mortes. Do total de mortes em decorrência do trânsito na cidade, 5,6% são ciclistas; 19,4%, ocupantes de automóveis, ônibus e caminhões; 25,6%, motociclistas; e 49,4%, pedestres.Apenas no Hospital das Clínicas – um dos hospitais públicos que atendem a motociclistas acidentados na cidade – são internados todos os dias três motociclistas acidentados em estado grave. A média de idade deles é de 30 anos. “São lesões graves, que exigem cirurgia com os mais variados profissionais – cirurgiões ortopedistas, neurocirurgiões, radiologia intervencionista, recursos e diagnósticos sofisticados, e internação em terapia intensiva por período prolongado”, explicou Renato Cogetti, médico responsável pelo Departamento de Traumatologia da seção de Cirurgia Geral do Hospital das Clínicas.Cada motorista acidentado internado custa ao hospital, em média, cerca de R$ 100 mil, e em casos mais graves, até R$ 250 mil, segundo Cogetti. “Isso não é só uma questão de trânsito, é uma questão de saúde pública – seja em virtude dessas vítimas, seja porque isso sobrecarrega os hospitais. Várias cirurgias de emergência têm de ser suspensas porque chega um acidentado, aí sim com mais urgência”, disse o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes.