Juros ainda são altos e têm custo brutal para governo, avalia sociólogo

22/01/2008 - 14h35

Deborah Souza
Da Agência Brasil
Brasília - Apesar da queda contínua da taxa básica de juros nos últimos dois anos, os juros no Brasil ainda são muito altos e trazem um custo brutal para o governo e para a sociedade. A opinião é de Ronaldo Coutinho Garcia, sociólogo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Hoje (22), o Comitê de Política Monetária do Banco Central reúne-se para definir a taxa Selic para os próximos 45 dias.Em entrevista hoje ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, Garcia disse que os juros trazem reflexos sobre a dívida interna, aumentando a pressão sobre os cofres públicos. Segundo ele, os juros pagos pelo governo federal nos últimos 15 anos equivalem ao Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país, referente a um ano.“Do início dos anos 90 para cá, o Brasil pratica as mais altas taxas de juros do mundo, muitas vezes superiores às praticadas pelos países emergentes ou centrais. É como se todo o país trabalhasse durante um ano inteiro para entregar para os credores”, criticou.Para o sociólogo, a redução da dívida pública passa pelo controle de gastos. Para Garcia, o governo federal executa uma grande quantidade de gastos. “Do conjunto de despesas [da União], pesam muito os gastos com previdência, pagamento de juros, pessoal e custeio de atividades variadas, nessa ordem”, destacou.Em relação às despesas com a previdência, Garcia ressalta que os gastos nessa área têm crescido acima do PIB nos últimos tempos por causa da incorporação de diversas pessoas à condição de aposentados ou pensionistas. Da mesma forma, a Constituição de 1988 estendeu os benefícios previdenciários aos trabalhadores rurais, o que também levou a um crescimento acentuado nas despesas previdenciárias.