Brasil carece de visão estratégica baseada em política industrial, analisa economista

22/01/2008 - 17h36

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Rio de Janeiro (Corecon/RJ), João Paulo de Almeida Magalhães, afirmou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que completa hoje um ano de lançamento, não conseguiu alcançar a visão global que deveria ter apresentado. “De fato, ainda não existe uma estratégia para os próximos 50 anos”, afirmou.Para Magalhães, o Brasil carece de uma visão estratégica que depende de uma política industrial “que o governo está anunciando, mas ainda não implementou”. O presidente do Corecon/RJ lembrou que a estratégia formulada no país,de 1850 a 1930, tinha uma base exportadora. A estratégia montada para operíodo de 1930 a 1980 era de substituição de importações. O economista ressalta que, no momento em que foi lançado, há um ano, “quando eraquase proibido se pensar em planejamento”, o PAC representou "o reconhecimento de que a visãoneo-liberal que predominou no Brasil desde 1980 tinha sido modificadaum pouco".Entretanto,segundo ele, “o PAC simplesmente tem investimento em infra-estrutura.Nada mais é do que um programa do segundo mandato do governo Lula. Eleestá muito aquém do necessário”, disse o economista.O presidente do Corecon/RJ enfatizou que a taxa de crescimento prevista para o Brasil em 2008, em relação às taxas projetadas para os demais países do mundo, evidencia um descompasso.Enquanto o Brasil projeta um crescimento de 4,5% para o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país; o Oriente Médio deve crescer 5,9%; a Ásia, 8,8%, a África, 6,5%; os países em desenvolvimento, 7,4% e a economia mundial, 4,8%. “Quer dizer, o Brasil  está crescendo menos que a média mundial. Está crescendo muito menos que os países em desenvolvimento. Portanto, a situação está longe de ser satisfatória”, afirmou.O presidente do Corecon do Rio afirmou que a população brasileira “soltou foguetes” no ano passado, diante de uma estimativa de crescimento do PIB de 5,2%. “A população brasileira  perdeu a noção do que é crescimento econômico e do que o Brasil registrou, segundo estatísticas disponíveis, nos primeiros 80 anos do século passado.”Citando o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, apesar de considerá-lo “um homem inteiramente suspeito”,  Magalhães disse que o Brasil só foi superado àquela época, em termos de crescimento econômico, pelo Japão. E completou: “Hoje, nós somos superados por toda parte do mundo. Portanto, é essa visão de longo prazo que está faltando para corrigir os erros sucessivos que estão sendo cometidos”.