Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Obaixo volume de água nos reservatórios e as chuvas em nível inferior ao das médiashistóricas do período não representam risco deracionamento, mas acarretam problemas para grandes empresasindustriais, que consomem cerca de 25% da demanda total de energia dopaís. A avaliação é do professor Dorival Gonçalves, daUniversidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e doutor em energia pelaUniversidade de São Paulo (USP). "Esse grupo de consumidores foi privilegiado de 2003 a 2006 com preçosbaixos no mercado livre. Eles compram com contratos de curtos prazo eagora encontram energia a mais de R$ 500 omegawatt/hora”, disse (18) em entrevista àAgência Brasil. Oprofessor explicou que os consumidores comuns não serãoafetados por comprarem das distribuidoras, que têm energiaassegurada em contrato e serão atendidas. Ele definiu como "importante para tranqüilizar a população" o comunicado divulgado hoje pelo Operador Nacional do SistemaElétrico (ONS) e disse também não ver um quadro alarmante para o setor. Gonçalves ressaltou que as chuvas ocorrem em níveis equivalentes a até 80% das médias dosúltimos 70 anos para o período – e se for mantido este patamar, não haverá risco de falta de energia nos próximos dois anos. Uma menor geração de energia de fonte hídrica seria compensada adequadamente, segundo o especialista, pela operação do parque térmico: “Não estáocorrendo nada que não faça parte das característicasdo sistema. Temos 20 mil megawatts de potência termelétrica instalada e a geração de apenas 50% disso ésuficiente para que não haja qualquer risco.”Emrelação ao ano de 2001, quando ocorreu o chamado apagão, o professor disse não ver paralelo com o volume atual dos reservatórios e apontou outra diferença estrutural que torna o sistema elétrico brasileiro mais seguro: oaumento das linhas de transmissão. “Issodá maior versatilidade ao sistema. As chuvas naRegião Sul estão acima da média prevista, o que possibilitagerar mais energia para o sudeste e depois para o nordeste”,argumentou.