Aumento de gastos públicos seria mais eficaz para evitar recessão nos EUA, avalia economista

18/01/2008 - 17h23

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O aumento de gastos do governo norte-americano seria mais eficaz para reaquecer a economia do país do que a redução de impostos, avalia o economista Rogério Sobreira, da Escola Brasileira da Administração Pública e de Empresas (Ebape) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele comentou o pacote econômico anunciado hoje (18) pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.Para o especialista, a dedução fiscal facilita a vida das famílias norte-americanas. Ele, no entanto, afirma que o impacto da medida no aumento do consumo ainda é incerto. “Com a redução dos impostos, as famílias têm mais capacidade de pagar dívidas, mas isso não garante que elas consumam mais”, analisa.Segundo o economista, a proposta de aumento de gastos seria mais vantajosa do que os incentivos fiscais para a recuperação da economia norte-americana. “A saída via aumento de gastos teria sido mais efetiva para produzir efeitos anti-recessivos do que a dedução fiscal”, acredita.O economista citou uma pesquisa recente de acordo com a qual três entre quatro norte-americanos acreditam que a economia está em recessão. Isso, segundo ele, tende a repercutir sobre a disposição dos consumidores em gastar. “Mais importante talvez do que gerar dedução fiscal de 1% do PIB [Produto Interno Bruto], o governo [norte-americano] deveria expandir seus gastos”.Para os Estados Unidos, cujo PIB (soma das riquezas produzidas no país) totaliza cerca de US$ 14 trilhões, a fatia de 1% representa cerca de US$ 140 bilhões.Na avaliação de Sobreira, é preciso esperar os efeitos do pacote sobre a economia americana para avaliar alguma repercussão das medidas sobre o Brasil. Para ele, se o pacote não repercutir substancialmente na economia americana, os impactos para o Brasil serão reduzidos.Caso o plano anunciado hoje não surta efeito e a economia norte-americana entre em recessão, o economista acredita que o Brasil será afetado porque exportará menos. “Mesmo que o Brasil hoje não venda tanto para os Estados Unidos como no passado, uma recessão lá afetaria outros países que passariam a comprar menos produtos brasileiros”, explica. “Nossa economia, quer queiramos ou não, está atrelada à economia norte-americana.”