Em Buenos Aires, ambientalistas protestam contra construção de fábricas de celulose

15/01/2008 - 20h18

Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ambientalistas do estado argentino de Entre Ríos distribuíram hoje (15) folhetos sobre “a poluição das fábricas de celulose do Uruguai” a turistas que embarcavam com destino a Montevidéu, partindo do terminal de Boquebús, em Puerto Madero, na capital da Argentina, Buenos Aires.“O protesto é tranquilo já que, depois de pequenos incidentes, deixaram entrar no terminal 40 manifestantes de diversos grupos depois do meio-dia [horário local]”, disse o porta-voz da Assembléia Ambientalista da cidade de Gualeguaychú, José Pouler.De acordo com informações da Agencia Telam, também participaram da manifestação integrantes das Assembléias do Povo da Capital Federal, Córdoba e Catamarca, trabalhadores do cassino flutuante em conflito por causa de demissões, uma militante do Movimento dos Sem Terra (MST) do Brasil, grupos estudantis e partidos de esquerda.Apesar de um acordo prévio sobre a forma de protesto, membros da prefeitura naval impediram inicialmente a entrada dos manifestantes e “houve pequenos incidentes, que não passaram de empurrões, mas logo autorizaram a passagem de 40 [manifestantes]”, disse Pouler.O folheto distribuído destacava, em um mapa, a localização de três fábricas de celulose no Uruguai: a finlandesa Botnia, que funciona na cidade uruguaia de Fray Bentos, em frente a Gualeguaychú, e as projetadas Ence, espanhola, e Stora Enzo, finlandesa.“O plano mostra que, por causa de sua localização, o efeito combinado [sobre o meio ambiente] das três fábricas abarcará um raio de 100 quilômetros em volta, em áreas do Uruguai e da Argentina, com mais de 20 milhões de habitantes”, assegurou Pouler. As três fábricas foram projetadas para serem construídas à margem do rio Uruguai, que faz a divisa entre os dois países. O porta-voz da Assembléia de Gualeguaychú sublinhou que “a luta continua porque a controvérsia não terminou” e pediu uma “solução política” aos governos dos presidentes Tabaré Vázquez, do Uruguai, e Cristina Kirchner, da Argentina.O protesto em Puerto Madero foi apoiado pelos ambientalistas da cidade argentina de Colón com bloqueios na ponte Artigas, que une a cidade com a vizinha uruguaia Paysandú. Enquanto isso, em Gualeguaychú continua o bloqueio da fronteira por tempo indeterminado. A ponte de Salto Grande, que une as cidades de Concordia, na Argentina, e Salto, no Uruguai, permaneceu aberta.