Promotor quer saber se contingenciamento poderia ter evitado mortes em obra do metrô

10/01/2008 - 21h29

Elaine Patrícia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Além deinvestigar os responsáveis e apurar as causas do acidente no canteiro de obras na estação Pinheiros do metrô de São Paulo, o MinistérioPúblico estadual também investigase a falta de um plano de contingenciamento no entorno do local poderia terevitado as sete mortes.Segundo o promotorcriminal Arnaldo Hossepian Jr., é possível afirmar quehavia um procedimento de contingenciamento no entorno que paralisavao trânsito no momento das explosões, mas até hoje(10), cerca de um ano após a tragédia, ainda nãoé possível saber se havia um sistema de segurançaque prevenisse a população no momento dealgum acidente.“Essa é umapreocupação do Ministério Público desde o momento em que foi assinado o Termo de Ajustamento de Conduta com a Promotoria de Habitação e Urbanismo”,afirmou Hossepian. O Termo foi assinado no dia 2 de abril do anopassado pelo Metrô e pelo Consórcio Via Amarela,responsável pelas obras, com a participação doInstituto de Criminalística e do Instituto de PesquisasTecnológicas (IPT). A partir dele, os procedimentos decontingenciamento foram revistos e aprimorados nas frentes detrabalho das estações da linha 4 amarela do metrô.“Antes do acidenteos documentos eram esparsos e não tinham uma conexão.Após uma reavaliação geral foram produzidos novosprocedimentos. Entre eles, a checagem de todos os itens de segurança para então liberar as escavações,o que não tinha antes”, explicou o geólogo Djalma Luiz Sanches, assessortécnico da Promotoria.Segundo Sanches, nãosomente o plano de contingenciamento de fuga é importante,como também o de gerenciamento de risco (preventivo). “E naúltima situação, em que não hámais nada a fazer, a área é evacuada”, disse.Hossepian informou que em visita ao local, em maio do ano passado, fez uma reconstituição da caminhada feita pelo mestre de obrasno dia do acidente. O mestre de obras, que estava no posto da RuaFerreira de Araújo, teria sido avisado do problema por um dosfuncionários da obra. “Do momento emque ele recebeu o comunicado de que algo irregular se sucedia até acaminhada ao local, antes que o acidente seiniciasse, demorou aproximadamente cinco minutos, o que me leva aconcluir que se tivesse sido acionado algum dispositivo quando foi detectado o problema lá embaixo [no canteiro de obras],talvez tivesse sido possível paralisar o trânsito. Quemlá faleceu não foi obreiro, foi quem caminhava noentorno”, afirmou. Em nota, o Consórcio ViaAmarela informou que existe um Plano de Açãonas Emergências, em vigor desde o início docontrato das obras, e que foi utilizado em pelo menos duas situações:na Rua Amaro Cavalheiro, no dia 3 de dezembro de 2005, quando houve odesabamento de uma casa; e no dia 18 de abril de 2006, na Rua JoãoElias Saad, em que foi declarada emergência e sete famíliasforam removidas de suas casas, mesmo sem que um acidentetenha realmente acontecido.O Consórcioafirma ainda, na nota, que na estaçãoPinheiros “o evento foi abrupto, com duraçãoaproximada de um minuto, impossibilitando a evacuaçãototal”.