Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "Vaidoer", disse o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão,Paulo Bernardo, ao se referir aos cortes que o governo terá de fazerpara equilibrar o Orçamento Geral da União com a perda de R$ 40 bilhõescom o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Ele também deixou claro que todos terão que dar asua parcela de contribuição."Eu diria assim. Se você perguntar: vai doer? Vai doer. Agente vê as pessoas falando e todo mundo acha que tem que cortar. Masninguém quer que corte o seu. Todo mundo acha, se for no prédiovizinho, no órgão ao lado, no outro poder, na emenda da oposição ou dasituação. Se formos seguir com esse tipo de princípio não vamos cortarnada", disse. Segundo ele, o esforço será muito grande mesmo com os R$ 10bilhões estimados com a elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). OutrosR$ 10 bilhões virão do aumento de arrecadação proveniente docrescimento da economia e o restante, ou R$ 20 bilhões, em cortes no orçamento. O ministro lembrou que constitucionalmente o governo não temalternativa, porque se perde uma receita, ou cria outra ou tem que cortargastos. O corte, porém, não deve ser linear, levando-se em consideraçãoas prioridades do governo. "Nós vamos proteger os programas sociais. O Ministério daSaúde perdeu quase metade do orçamento e nós vamos recuperar. Vamoscolocar o dinheiro no Bolsa Família, praticamente R$ 8 bilhões quesaíram do ministério do Patrus Ananias, vamos recuperar. E vamosproteger os investimentos prioritários", afirmou. Paulo Bernardo reafirmou que não há ambiente para discutir oreajuste de salário dos servidores públicos (civis e militares). Deacordo com ele, com a perda de R$ 40 bilhões da CPMF, ogoverno ficou impossibilitado de conceder reajustes salariais."O orçamento prevê aproximadamente R$ 6,9 bilhões de despesasde pessoal. Contratação via concurso e de novos cargos. Mas nós nosconsideramos absolutamente impedidos de fazer esse tipo de discussão.Se eu estou dizendo que preciso cortar e resolver um rombo de R$ 40bilhões, eu não tenho como resolver essa coisa[reajuste salarial] agora. As pessoas vão achar que nós ficamos malucos", disse. Ouça aqui o que diz o ministro:
O ministro disse ainda que não pode tomar uma decisão que viesse a ser considerada irresponsável, pelo fato de não poder ser cumprida, por falta de recursos. Quantoao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Paulo Bernardo voltou a dizer que não é intenção do governo fazercortes. Elelembrou que muitas obras dependem muito mais dr recursos das estataisdo que do Orçamento da União. "Portanto, essas obras não vão ter nenhumtipo de problema".