Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assessor para Assuntos Especiais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que o governo brasileiro recebeu com “satisfação” o resultado da missão que possibilitou a liberação das duas reféns mantidas em cativeiro pelos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Hoje foram resgatadas Clara Rojas, ex-candidata a vice-presidente da Colômbia e seqüestrada em 2002, e a ex-congressista Consuelo González, presa desde 2003. Garcia destacou, em entrevista à imprensa, que a liberação das duas políticas abre caminho para futuros entendimentos semelhantes a este: “Nós todos estamos muito satisfeitos. Em primeiro lugar, porque cumpriu-se aquilo que era a nossa preocupação central, ou seja, o êxito de uma operação humanitária. E também porque nós acreditamos que essa operação humanitária pode, seguramente, abrir espaço para que outros entendimentos venham a ser estabelecidos. Eu acho que o problema que nós tínhamos, de uma certa rigidez, de uma certa dificuldade de que se estabelecessem acordos humanitários, foi desbloqueado.”Segundo o assessor, o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, telefonou ontem para comunicar que a operação de resgate das duas políticas seria realizada hoje. No telefonema, acrescentou, o chanceler agradeceu ao governo brasileiro pela participação na missão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado por Garcia em seguida. Ao reconhecer o empenho dos governos da Venezuela, da Colômbia e de todos os países que contribuíram para o “bom êxito" desta operação, o assessor afirmou: “A despeito de todos os incidentes, que não foram poucos, de todos os desentendimentos que existiram – enfim, de todos os problemas que são normais numa operação dessa característica, todos souberam pôr mais alto os valores humanitários que estavam presentes.”A participação do Brasil no processo de liberação, explicou, ocorreu porque os direitos humanos são “um ponto fundamental” da política externa e interna do atual governo. “Participamos também deste processo no sentido de encaminhar uma solução de paz para o conflito remanescente que existe na América do Sul”, completou. Ele ressaltou que o governo brasileiro continua empenhando em obter novos acordos humanitários: “O que se precisa agora é fazer uma avaliação desta operação. Examinar as possibilidades que ela abre de desdobramentos futuros e estudar outras formas.” E destacou que a participação brasileira em futuros processos também será feita "em estrito respeito à alta delineação" do povo colombiano. “Os problemas da sociedade colombiana, da vida política da Colômbia, a Colômbia tem de resolvê-los. Nós, quando muito, podemos nos colocar a serviço de encontrar soluções quando formos solicitados, como foi o caso dessa missão”, disse. A primeira tentativa de resgate de reféns da guerrilha, em 31 de dezembro passado, fracassou. Os guerrilheiros alegaram que atividades militares colombianas perto do local combinada impediram o resgate. Eles também afirmavam ter em seu poder o menino Emmanuel, filho de Rojas e nascido em cativeiro, mas a criança está sob proteção do governo colombiano desde 2005.