Decreto mantém em 28 dias por ano cota mínima para exibição de filme nacional

10/01/2008 - 7h02

Quênia Nunes
Da Agência Brasil
Brasília - Em 2008, os cinemasbrasileiros deverão exibir filmes nacionais 28 dias por ano, no mínimo. A Cota de Tela – dispositivo legal que garante espaço para o cinema brasileiro em todas as salas e fixa o númerode dias para a exibição – foi mantida para o ano de 2008 pelo Decreto 6.325, do ano passado. Segundo diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine) Nilson Rodrigues, a cota dependeda capacidade do cinema.“ Os complexosmenores, de uma ou duas salas, têm mais facilidade de acesso às cotas [28 dias]. Os complexos intermediários,que têm condição de compor uma produçãomais atrativa, têm mais condições também decolocar o filme brasileiro em sua programação. Essestêm uma responsabilidade maior, um número maior de dias. Esses complexos entre seis e nove salas têm um número maiorde dias a serem cumpridos”.No último ano, aprodução nacional cresceu em torno de 12%. “Nósestamos em um momento de afirmação de crescimento daindústria do cinema brasileiro. No ano de 1992 nósestávamos lançando menos de cinco títulosbrasileiros. Esse é o movimento que nósperseguimos. Apoiamos a produção, criamoscondições para que o produto brasileiro sejadistribuído e valorizamos as salas de cinema que exibem mais ofilme brasileiro”.Para Rodrigues, um dosgrandes problemas da baixa freqüência nassalas é a falta de uma políticaque estimule a população a  freqüentar o cinema. “ Nósprecisamos criar situações de estimular as pessoas afreqüentarem o cinema, precisamos ter mais salasdisponíveis, mais próximas às pessoas. Muitas pessoasnão freqüentam o shopping center, então nósestamos desenvolvendo, como a construção de novassalas”. Para AssunçãoHernandes, diretora da Raíz Produções, nomercado há mais de 30 anos, a cota garante que o públicobrasileiro tenha acesso a produções nacionais. “Acho que a cota garante que seja mostrado aos espectadores umproduto brasileiro no seu país. A questão de públicoé, na verdade, de lançamento, de saber trabalhar com umproduto brasileiro. Quando se fazem as promoçõesdo filme com uma tarifa especial, o público comparece. Muitasempresas de exibição têm experiência de fazer um dia por ano de filmes brasileiros e a freqüênciaé alta”.O preço dos ingressos, que em muitas cidades chega aR$ 13, segundo Rodrigues, pouco interfere na presença do público. “ Naverdade, mesmo levando em conta esse preço médio doingresso, isso é excludente. O mais grave é o hábito,porque muitas vezes as pessoas pagam R$ 10 para trêscervejas, mais não se dispõem a pagar para ir ao cinema. Uma grande parcela da população sequer vai ao cinema,muitas vezes não é pelo preço do ingresso, maspelo hábito. Temos que recuperar esse hábito”.