Raul Pont diz que sede do PT no Rio Grande do Sul foi comprada com contribuição de filiados

05/01/2008 - 0h46

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário-geral do Partido dos Trabalhadores (PT), Raul Pont, disse hoje (5) que a compra da sede do partido no Rio Grande do Sul foifeita em 2001 com as contribuições dos filiados do partido."Issopode ser investigado a qualquer momento. Pagamos uma entrada, fruto deum recolhimento de uma grande campanha que fizemos. Naquele momento, aspessoas que estavam filiadas ao partido e que tinham cargos de comissãodo governo ajudaram, fizeram contribuições. As prestações que sobraram,pagamos ao longo dos anos seguintes”.O assunto veio à tona depois que o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu disse em entrevista à revista Piauí que o prédio, que fica em Porto Alegre, foi comprado com dinheiro de caixa 2, ou seja, com recursos não declarados.“É uma acusação completamente descabida, disse Pont, acrescentando que a polêmica está encerrada. "Depois que o próprio Dirceu pediu desculpas e disse que foi um engano, um equívoco, acho que esse tema está encerrado”.Na avaliação do secretário, pode ter havido uma “confusão” por parte da jornalista ou do próprio José Dirceu sobre a situação em que o prédio foi comprado. Ele esclareceu que, em 1998, havia um acordo entre o partido e o Clube de Cidadania. “O clube fez um programa de venda de corretagem de seguros com percentual da corretagem dedicado à construção de uma casa da cidadania. Esse local foi cedido à campanha do Olívio Dutra [ex-governador do estado e atual presidente estadual do partido] e depois à sede do PT. Depois, fizemos a campanha para a compra do prédio”.Pont disse não se lembrar do valor pago à época, mas afirmou que atualmente o imóvel está avaliado em cerca de R$ 500 mil.“Temos mais de 100 mil filiados. Na época, a direção estadual tinha uma arrecadação muito grande em função do número de secretários com cargos comissionados dentro do governo. Podia ter uma arrecadação grande de contribuições. Naquela época, já éramos a maior bancada na Assembléia Legislativa”.Por fim, ele classificou a entrevista de “lamentável” e disse que não tem mais contato com José Dirceu."A entrevista é péssima. É de um egocentrismo enorme, um personalismo. O mundo parece que gira em torno dele, fazendo propaganda do dinheiro que ganha, dos contratos que tem, dos lobismos que intermediou. Acho isso o fim da picada para ele. E como ele foi dirigente do PT, sobra para o partido. É lamentável, mas se ele tem razões diretas para atingir alguém, isso não sei”.