Estudo da CNI aponta possibilidade de cortes no orçamento sem prejudicar repasses

03/01/2008 - 16h17

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou um estudo que demonstra a possibilidade de o governo federal cortar R$ 23,8 bilhões no orçamento previsto para 2008 e preservar os valores executados no de 2007. O gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, disse que esses recursos representam "acréscimos de despesas" previstos para este ano. E que o maior desafio do governo federal para cortar R$ 20 bilhões nos seus gastos, conforme anunciado ontem (2), está na disputa política a ser travada na Comissão Mista de Orçamento no Congresso Nacional."Claro que é um processo seletivo, difícil, porque vai ser votado no Congresso Nacional com todas as discussões próprias deste tipo de avaliação e de deliberação legislativa", afirmou. Castelo Branco ressaltou, no entanto, que as despesas do Executivo têm crescido, nos últimos anos, mais que o ritmo da economia. Os cortes anunciados, acrescentou, não comprometeriam repasses orçamentários para a saúde, o programa Bolsa Família e a educação. Entre as áreas passíveis de cortes, apontadas no levantamento da CNI, estão nos gastos previstos com pessoal. Dos R$ 130,7 bilhões previstos na proposta orçamentária da União para 2008, o economista afirmou que R$ 6 bilhões estão reservados para reajustes salariais e novas contratações. Sobre as despesas previstas com custeio e capital, Castelo Branco disse que o estudo apontou cerca de R$ 15 bilhões como "acréscimo em relação ao que foi liberado em 2007". E defendeu como ideal que os cortes sejam feitos no custeio da máquina pública, o que preservaria os investimentos previstos para este ano. "As despesas de investimentos, as obras – principalmente as de infra-estrutura –, são extremamente importantes para assegurar a manutenção do ritmo de crescimento", afirmou.Na avaliação do economista, os reajustes promovidos nas alíquotas da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não representam um impacto muito grande no crescimento da economia, porque a recomposição da carga tributária ficará "diluída" para a sociedade.Ele admitiu, no entanto, uma repercussão no custo dos empréstimos, por conta da elevação dos custos bancários: "Nós vamos ter algum impacto, sim, embora seja difícil mensurar agora como chegará ao consumidor." Castelo Branco não descartou a possibilidade de uma "pequena redução" no crescimento da economia previsto para este ano, com as medidas anunciadas ontem. "Se nós tivermos um aumento de juros para o tomador final, isso pode ter um pequeno impacto por conta da restrição do crédito", concluiu.