Marco Antônio Soalheiro*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aprocuradora do Ministério Público Federal (MPF) emPalmas (TO), Viviane Araújo, já solicitou formalmente àsubprocuradoria geral da República, em Brasília, aintermediação do envio de soldados das ForçasArmadas e de policias federais de outros estados para reforçara segurança nas proximidades dos municípios deCachoeirinha e São Bento do Tocantins. A informaçãofoi confirmada pelo assessor de comunicação do MPF nacapital tocantinense, Rogério Franco.No últimosábado (15), quatro homens foram mortos a pauladas por índiosapinajés na aldeia Buriti Comprido, que fica na Terra Indígena Apinajé, área de 141 mil hectares no extremo norte de Tocantins. A preocupação do MPF, segundo Franco, “éprevenir possíveis tentativas de vingança por parte defamiliares das vítimas”.O delegado da PolíciaFederal (PF) em Araguaína (T0), Bruno Azevedo, responsávelpelas investigações, confirmou à AgênciaBrasil, em entrevista ontem (18) à noite, que foram deslocados índios da aldeia Buriti para umlocal a 30 quilômetros de onde ocorreram as mortes, a pedido dos próprioslíderes indígenas. Entretanto, o delegado disse que ainda nãofoi identificado risco de agressões iminentes.As informaçõespreliminares são de que pelo menos cinco pessoas encapuzadas,incluindo servidores da prefeitura de Cachoeirinha, teriam invadidoa área indígena com a intenção derecuperar um trator. O veículo estaria retido pelos índioscomo forma de protesto pela instalação de energiaelétrica e de uma ponte. De acordo com o últimolevantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), o município de Cachoeirinha tem 2.171 habitantes e 352 quilômetros quadrados de área. No início da noitedessa terça-feira, o prefeito de Cachoeirinha, Messias de Oliveira (PT)prestava esclarecimentos na Delegacia da Polícia Federal emAraguaína (TO), responsável pelas investigações. Ementrevista à Agência Brasil, o assessor jurídicoda prefeitura, Rodrigo Coelho, confirmou a presença de doissecretários municipais na ação, mas ressalvou que eles teriam agido por conta própria, sem nenhumaorientação por parte do prefeito: “Foi uma açãoisolada de pessoas, moradores, não como funcionários. A prefeitura estava fechada, em recesso desde o último dia 10.O prefeito estava em Palmas e só retornou ao municípioapós os fatos consumados”.Coelho também alegouque a prefeitura notificou a FundaçãoNacional do Índio e o Ministério Público Federalpara que resolvessem a questão de forma conciliatória,mas não foi atendida : “Se a Funai intermediou algum acordo,isto aconteceu sem o conhecimento da prefeitura. Em nenhuma momento,a Funai, nem pelo telefone, contactou a prefeitura para negociação”.O MPF em Palmas confirma ter recebido ofício da administraçãomunicipal em 29 de novembro e posteriormente solicitado informaçõesà Funai.Em nota, a Funai também admite ter sidoprocurada pelo prefeito, mas garante que sua administração regional em Araguaína estava em negociação comos índios apinajé para devolução pacíficado trator. Ressalta que “a entrada em terra indígenadeveria ser previamente autorizada pela Funai, garantindo a proteçãoe respeito às áreas tradicionalmente ocupadas pelospovos indígenas, direito reconhecido pela Constituiçãoda República.” Acrescenta, por fim, que a PolíciaFederal (PF) aprendeu seis armas de homens envolvidos na açãoe que a retenção do veículo se devia ao “não-cumprimento de promessas de construção de estrada etransporte de palha”.*Colaborou Morillo Carvalho