Irmã de rapaz morto durante operação policial em Bauru diz que foi ameaçada

19/12/2007 - 16h13

Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Polícia Civil e a Polícia Militar de São Paulo investigam a morte de um adolescente de 15 anos durante uma operação policial em Bauru (SP), no último sábado. Há suspeita de tortura e assassinato. Seis policiais militares estão presos. A perícia do Instituto Médico Legal constatou 30 lesões no corpo do rapaz, possivelmente causadas por descargas elétricas.Segundo o advogado André Luiz Gonçalves Veloso, os familiares do adolescente disseram que os policiais entraram na casaprocurando armas e só depois mencionaram a respeito do roubo da motocicleta. “Amãe abriu a porta e eles foram direto pro quarto procurando arma”, conta Veloso.De acordo com ele, a irmã da vítima diz ter sido ameaçada por umpolicial quando reagiu ao ver seu irmão desfalecido. “Quando [os policiais]abriram a porta [do quarto] e ela viu o menino caído, ela começou agritar e um dos policiais falou que era para ficar quieta porque poderia sobrarpra ela também.”Veloso afirma quea mãe e a irmã do garoto não acreditam que a droga encontrada na casa, 305gramas de maconha, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública deSP, seja do adolescente.“Eles têm uma desconfiança sobre a droga que foi encontrada.O menino não tinha condições financeiras de adquirir uma quantidade dessas e amãe disse que tinha feito uma faxina no quarto antes e nada tinha encontrado.”Segundo o advogado da família, o processo aberto para apurar o caso vai sertransferido do Tribunal de Justiça Militar para a Justiça Comum em Bauru. “Já foi instaurado inquérito e vai serbem rápido o trâmite. A prova está toda em Bauru e fica mais fácil a apuração.”O ouvidor-substituto das polícias do Estado de SãoPaulo, Júlio César Neves, esteve hoje em Bauru em reunião com a Comissão dosDireitos da Ordem dos Advogados (OAB) de Bauru. Amanhã (20), o coordenador da Comissãode Direitos Humanos da OAB de São Paulo, Mario de Oliveira Filho, estará na cidade para acompanhar o caso.