Estudo aponta qualidade de vida de jovens brasileiros

19/12/2007 - 17h46

Gláucia Gomes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil conta com 35 milhões de jovens entre 15 e 24 anos. Um panorama sobre a situação dessa parcela da população foi apresentado hoje (19) em uma pesquisa que mesclou informações sobre acesso à educação, saúde e renda para estipular um índice de qualidade de vida da juventude.

O Distrito Federal lidera o ranking de qualidade de vida entre os jovens. É o que mostra oRelatório de Desenvolvimento Juvenil 2007, divulgado pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla). O Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) registrado no DF é de 0,666 - em uma escala de vai de 0 a 1. Em seguida, aparecem Santa Catarina (0,647) eSão Paulo (0,626). Os piores índices foram registrados nos estados do Maranhão (0,429),Pernambuco (0,394) e Alagoas (0,367), que aparecem nas últimas colocações entre os 27 estados da federação analisados.Aanálise por região mostrou que o Sul aparece emprimeiro lugar (0,597), seguido do Sudeste (0,592), Centro-Oeste(0,563), Norte (0,462) e, por último, o Nordeste (0,443).Osociólogo e responsável pela pesquisa, JúlioJacobo, falou que as desigualdades se expressam nos trêsníveis: educação, saúde e renda.“Sãoos fatores que estão determinando a exclusão dosbenefícios sociais. São sempre os mesmos fatores:raça/cor, condições econômicas, gênero,localização geográfica. Sabemos que se alguémnasceu em determinada localidade vai ter condiçõeslimitadas ou grandes condições de estudar e trabalhar.Então são esses fatores que estão afetando ascondições de acesso à saúde, educação, acesso à internet e etc.”Asconclusões da pesquisa mostram que, na educação,graças a políticas nacionais de combate aoanalfabetismo e à universalização na cobertura doensino fundamental, o analfabetismo juvenil dá sinais de desaparecer acurto prazo.Em1993 a taxa de jovens analfabetos era de 8,2%. Em 2001, esse índice caiu para4,2%, em 2003 para 3,4% e em 2006 para 2,4%. Em compensação,a qualidade do ensino coloca o Brasil num “plano extremamentedeficitário”, aponta o relatório. De acordo com aavaliação do Sistema de Avaliação deEducação Básica (Saeb) os níveis dedesempenho são extremamente baixos em alunos da 8ª sériedo Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médiono domínio da língua portuguesa e da matemática.Dados do relatório apontam que a mortalidade juvenil vem crescendo historicamente. A principal causa sãoas mortes externas ou violentas, ocasionadas por homicídios,suicídios e acidentes no trânsito. De acordo com o estudo,27,2% dos jovens morrem por causas naturais e 72,8% morrem por causasexternas. De acordo com o Mapa da Violência 2006, o Brasilaparece como o terceiro país em número de mortes de jovens porhomicídios, com taxas de 55,5 para cada 100 mil jovens, sósuperado pela Colômbia e Venezuela.Jáa média nacional da renda familiar per capita dos jovens, emsalários mínimos, indica queda de 15,7% entre 2001 e2003. Mas também caíram os níveis deconcentração de renda, com ganhos em setores de extremapobreza e queda nas áreas de renda elevada.Osecretário de Ciência e Tecnologia para InclusãoSocial do Ministério da Ciência e Tecnologia, Joe Valle,disse que os dados levantados pelo estudo são necessários para auxiliar e ser referência na elaboraçãode políticas públicas.“Nãotem como trabalharmos políticas públicas se nãotemos informação. Mas é preocupante vermos queestamos crescendo, mas num ritmo que ainda não éadequado. Então para que nós lancemos num nível decompetição mundial, nós precisamos acelerar oritmo da melhoria da qualidade de vida do jovem. Isso é o quepercebemos claramente nesse relatório e por isso ele éimportante”.Parao secretário, um caminho para se resolver alguns problemasapontados pelo relatório é a “convergência”de políticas públicas envolvendo todos os ministérios,para que seja possível criar políticas de estado paramelhorar todas as ferramentas que envolvem o trabalho do governodirecionado ao jovem. O Relatório de Desenvolvimento Juvenil 2007 utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicíliosde 2006 (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE); do Sistema de Informação sobre Mortalidade de 2005 (SIM/DataSUS), doMinistério da Saúde; e os relatórios do Sistema Nacional deAvaliação da Educação Básica (Saeb), do Ministério da Educação (2005).