Uruguai quer licença do Mercosul para fazer acordos com outros países

17/12/2007 - 21h19

Mylena Fiori
Enviada especial
Montevidéu (uruguai) (Uruguai) - Acordos nos moldes do que deverá ser firmado entre Mercosul e Israel poderiam reduzir a frustação de sócios menores, como o Uruguai, com os resultados do bloco. O país aposta no dinamismo das exportações como uma das estratégias de desenvolvimento e argumenta que a integração comercial na região não é suficiente para suprir as necessidades locais de geração de emprego, distribuição de renda e estabilidade social. Por isso, o governo uruguaio reivindica autorização para negociações bilaterais com outros países. Pelas regras do Mercosul, no entanto, acordos comerciais só podem ser negociados em bloco."Isso é uma coisa incompatível com a zona aduaneira. Não se pode imaginar a Bélgica assinando um acordo de livre-comércio com o Japão. É a mesma coisa. Isso não só é incompatível politicamente, como tecnicamente", diz o representante permanente da missão brasileira na Associação Latino-americana de Integração (Aladi) e no Mercosul, embaixador Regis Arslanian. "É um pleito difícil de aceitar e concordar".No que depender da Frente Ampla, coalizão de centro-esquerda pela qual se elegeu o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, o país não abrirá mão da integração com os países vizinhos em troca de Tratados de Livre Comércio (TLCs) com outras regões, apesar da pressão interna por acordos de comércio com outros países ou blocos. Em congresso realizado neste final-de-semana na capital uruguaia, a Frente Ampla se posicionou contra um eventual TLC co os Estados Unidos e frisou que todos os acordos bilaterais firmados pelo país devem ser compatíveis com o aprofundamento do Mercosul.Ontem (16), em coletiva de imprensa em Montevidéu, o ministro uruguaio de Economia e Finaças, Danilo Astori, assegurou que o Mercosul é prioridade para o Uruguai. "O que está na agenda é a vontade de seguir trabalhando para solucionar os problemas, com a convicção de que o Mercosul, para o Uruguai, é um projeto estratégico", disse Astori, após particpar da reuniião com ministros da área econômica e de presidentes de bancos centrais dos países do Mercosul e dos Estados associados.