Polícia prende dois suspeitos de matar sindicalista de Assentamento Chico Mendes

14/12/2007 - 18h31

Priscila Galvão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - APolícia Civil prendeu na quarta-feira (12) dois suspeitos de matar opresidente da Associação do Assentamento Chico Mendes,João Calazans.Ele foi assassinado na terça-feira (11), na cidade mineira dePingo D´Água, com um tiro na nuca e outro na perna. O crime ocorreu na casa dele, na frente da esposa, do filho e da sogra.Emnota, a Polícia Civil informou que os suspeitos, moradores do asentamento Chico Mendes, estão presos em Caratinga (MG), na região do Vale do Rio Doce. Segundo a polícia, Calazans teriadesentendimentos com eles.Ainda segundo a nota, os suspeitos foram encaminhados por militares do 11º Batalhão à delegacia de regional de Caratinga para prestar esclarecimentos, e acabaram detidos depois que o delegado da Divisãode Crimes Contra a Vida, Rodrigo Fraga, reuniu elementos que permitiram adecretação da prisão temporária de ambos. Elesque negam envolvimento no assassinado.De acordo com a ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Calazans recebiaameaças de morte. "Ele incomodou oslatifundiários do Vale do Rio Doce e do Vale do Aço(regiões de Minas Gerais), denunciou as péssimascondições de trabalho e a exploração detrabalhadores rurais nas carvoarias da região, que sustentamas siderúrgicas do local", diz o documento.

Segundo a coordenadora estadual da Comissão Pastoral daTerra (CPT), Lucimere da Silva Leão, há suspeitas de intrigas internas que teriam levado à morte de Calazans.

“Joãovem de uma família muito forte, mas, de um tempo para cá,estava mais tranqüilo. Suspeitamos de intrigasinternas em relação a questões locais, jáque aqui sempre tem uma disputa", disse. “Há um ano informamos ao Incra [Instituto Nacional de Colonizaçãoe Reforma Agrária] que, se a situaçãodo assentamento continuasse do jeito que está, poderia havernovas denúncias. A polícia ainda não deu como casoencerrado nem como caso definitivo. A comunidade está muitoassustada com tudo isso”.

Segundoa Contag, a região Sudeste concentra 23,5% de todos osconflitos no campo do país. Oprogresso tecnológico no campo e o avanço dasmonoculturas geram maior desigualdade,exclusão e novos conflitos, diz a entidade.