Brasil vai financiar programa de combate ao trabalho infantil no Haiti

14/12/2007 - 20h56

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil vai financiarum projeto no Haiti de combate ao trabalho de crianças eadolescentes. O anúncio foi feito na assinatura do memorandoentre o governo brasileiro e a OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), para criação daIniciativa de Cooperação Sul-Sul no Combate ao TrabalhoInfantil.De acordo com a diretora do escritório da OIT noBrasil, Laís Abramo, o que se pretende com a iniciativa é“fortalecer esforços já iniciados e abrir novoscaminhos para, através da cooperação horizontalentre povos e nações, e do diálogo social esolidário entre os países em desenvolvimento, avançarem direção a esse objetivo comum” de prevenir eerradicar as piores formas de trabalho infantil.E o projeto a serdesenvolvido no Haiti faz parte da iniciativa. O Brasil deveparticipar com o compartilhamento das boas práticas jádesenvolvidas no país e de modelos de combate ao trabalhoinfantil, além do financiamento do programa.O governobrasileiro é parceiro da OIT no combate ao trabalho infantildesde 1992, quando entrou no Programa Internacional para a Eliminaçãodo Trabalho Infantil (IPEC). Desde então, deacordo com Laís Abramo,o número de crianças eadolescentes trabalhando no Brasil já caiu em mais da metade. “A verdade éque o Brasil tem se afirmado nos últimos anos como umareferência mundial na área do combate ao trabalhoinfantil, e é essa experiência que a gente achaimportante sistematizar e difundir”, disse.O ministro CelsoAmorim, que assinou o memorando pelo governo brasileiro, nãoinformou o valor que deve ser investido no Haiti. Mas, segundo ele,somando os montantes aplicados nos diversos projetos dos quais oBrasil participa naquele país, “seguramente deve estar emmais de US$ 3 milhões a US$ 4 milhões o que a gente temlá”.Amorim disse que o programa deve atuar em váriasfrentes, mas principalmente na educação da população.“Os projetos estão começando. No fundo é umproblema sobretudo educativo, de que as crianças nãodevem ser fonte de rendimento, elas têm que estar aprendendo,brincando, se desenvolvendo como seres humanos e não sendoexploradas, esse é o sentido”, afirmou.Nãoexistem dados estatísticos sobre quantas crianças eadolescentes estariam trabalhando no Haiti atualmente. Um estudoorganizado pela OIT há cinco anos estima que, na época,haviam cerca de 250 mil crianças no trabalho doméstico.De acordo com ocoordenador sub-regional para a América Latina e o Caribe daOIT, Guillermo Dema, entre 65% e 70% das crianças haitianasnão vão à escola. Ele disse que o mais provávelque elas estejam trabalhando.