Marco Antônio Soalheiro
Enviado especial
Amarante (MA) - Agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis (Ibama)e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) descobriram hoje (13) cerca de 2 mil estacas demadeira extraídas ilegalmente e uma carvoaria clandestina dentro de umafazenda de 200 alqueires, localizada entre as terras indígenas Araribóiae Governador, no Maranhão. O proprietário da Fazenda Ouro Preto, Antônio José Alves de Souza,de 51 anos, foi multado em R$ 6,6 mil por fiscais do Ibama. Amadeira será recolhida e ficará sob a custódia da Funai. O valorda multa poderá ser acrescido e chegar a R$ 120 mil, caso a contagem, na retiradada madeira, aponte maior quantidade do que a estimada e depois de feita a medição da área desmatada sem autorização do Ibama. A conduta ilegalainda pode gerar pena de 3 meses a 4 anos de reclusão aos responsáveis.“O fazendeiro tem 20 dias para fazer a defesa juntoao Ibama. Ele pode pedir parcelamento da multa ou até conseguir amadeira de volta, mas isso será avaliado pelo procurador, dependendo dedocumentos que forem apresentados”, explicou o agente de fiscalizaçãodo Ibama, Mauro Lélis. As toras de madeira que estavam estocadas no local são deAroeira, Itaúba Preta, Candeia e Pau Santo. Segundo as autoridades,imagens de satélite mostram que elas só são encontradas dentro dareserva indígena. “A região desta fazenda já estava toda desmatada hámais tempo, e os devastadores deixam a terra queimada para tentardriblar a fiscalização”, disse Thais Gonçalves, coordenadora deproteção de terras indígenas da Funai. A ocorrência faz parte da Operação Araribóia,planejada para combater a extração ilegalde recursos naturais na terraindígena de Araribóia, localizada no estado do Maranhão. Ao chegarem à sede da Fazenda Ouro Preto, os agentes interrogaram Alecssandro Santos Souza, de 26 anos,que foi identificado como filho do proprietário. Sem documentospessoais, ele admitiu não ter autorização legal para o desmate daárea. Assustado com a movimentação dos agentes, ele chegou a oferecerpeixe frito à equipe, mas foi informado que teria de acompanhar aforça-tarefa até a cidade de Amarante. “Sou meio mal informado”,respondeu ao ser questionado sobre a prática de crimes ambientais. Ele se justificou dizendo que a única forma de criar gado é com a derrubada deárvores para fazer pasto e cerca. Na cidade, os fiscais localizaram o dono dafazenda, Antônio José Alves de Souza, que confessou ter compradoestacas retiradas da terra indígena. Negou, entretanto, que tenha feitoisso negociando com índios. “Comprei de homens brancos”, disse Souza. Ele também alegou desconhecer as proibições legais. Após osesclarecimentos dos fiscais do Ibama, Souza reclamou da dificuldade detrabalhar “com tanta exigência da lei”. Segundo o chefe do posto indígena da Funai na Terra Araribóia, Hélio Sotero, durante asinvestigações da operação, vários índios apontaram o fazendeiro como umdos maiores compradores de madeira extraída ilegalmente na região.Outra equipe da operação já efetuou o lacre de quatromadeireiras em Amarante. A população da cidade acompanha comcuriosidade a movimentação dos agentes, mas os moradores evitam fazercomentários. Dizem, no máximo, saber que há muita ilegalidade naregião. Em outras áreas da terra índígena, já houve apreensão e queimade droga, recolhimento de veículos e o fechamento de serrarias. A OperaçãoAraribóia não tem data prevista para acabar e devereceber, ainda esta semana, de acordo com o administrador regional daFunai em Imperatriz (MA), José Leite Piancó, o apoio dehomens da Força Nacional de Segurança.