Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - AAssociação Brasileira dos Produtores de Leite (LeiteBrasil) alerta que quase um terço do leite produzido no país nãopassa por fiscalização. Isso significaque dos 29 bilhões de litros anuais,cerca de 9 bilhões não obedecem aos padrõesde qualidade propostos pelo Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Mapa).Opresidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, explica que o leite produzido no mercado informalnão é submetido a inspeções. Não há fiscais, nem um veterinário responsável pelo rebanho, exigências feitas pelo Ministério da Agricultura. “Não tem nenhum compromisso com ninguém. Oleite informal não tem exame no rebanho, não temvacina, não tem refrigeração”.Segundo Rubez,o produto é colocado em carroças ou caminhonetes e é vendido de porta em porta em cidades pequenas de todo o país.“Principalmente no interior do estado de São Paulo. Quemestá lá vê isso todo dia”.Paraa Leite Brasil, a preocupação maior é com orisco para a saúde do consumidor. O leite nãofiscalizado é vendido cru, em garrafas de plástico, e não épasteurizado, procedimento importante para garantir que osmicroorganismos presentes sejam mortos antes que o produto sejaconsumido. A ausência de refrigeração do produtotambém colabora para a proliferação de bactérias.“Se eles começam a entregar esse leite às 8 horas eentregam até o meio dia, você calcula o que tem debactéria dentro".Adica, segundo Rubez, é observar se oleite vendido está em embalagem industrializada, com dados daempresa produtora. O consumidor deve ficar atento também aoestabelecimento onde o produto é comercializado. O leite produzido no mercado informal, geralmente, não é encontrado em prateleiras desupermercado ou em padarias. É vendido em feiras livres e emauto estradas.Para o presidente da Leite Brasil, o produtor vende o leite informalmente para que o lucro seja maior. “Vendem para ganhar dinheiro, porque seele vender para a indústria, ele ganha menos. E se vender deporta em porta, ele tira o intermediário”.Rubez alerta ainda para a conversão doleite sem fiscalização em queijo, mercadoria maisfácil de ser transportada pelos produtores. “Você vai a uma feira em São Paulo, em Brasília, vocêencontra o queijo que não tem serviço de inspeção federal, estadual ou municipal. Tem queijo minas, muçarela, o quevocê quiser. Ninguém fiscaliza”.Para a Leite Brasil, há uma crença no país de que oleite vendido em garrafas de plástico "vem direto da vaca", e que seria,portanto, um produto fresco e saudável."Entretanto, o produtorinformal reside em áreas pouco urbanizadas, e a coleta doleite, o manuseio e a conservação acontecem por meio detécnicas caseiras, que não garantem a pureza ou ahigiene durante o processo", conclui Rubez.