Seguranças acusados de conflito com sem-terra são presos no Paraná

22/10/2007 - 18h38

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Agentes da 15ºDelegacia de Polícia Civil de Cascavel (PR) prenderam hoje(22) sete seguranças da empresa NF Segurança S/Cacusados de participar ontem (21) de um conflito com trabalhadoresrurais sem-terra na fazenda experimental de transgênicos damultinacional Syngenta Seeds. Duas pessoas morreram e oito ficaramferidas, segundo a Polícia Civil. Dos sete presos, apenasum concordou em prestar depoimento, os outros só falarãoem juízo, segundo a Polícia Civil. Os segurançasficarão presos na delegacia à disposiçãoda Justiça. Até o início da noite, a polícianão recebeu pedidos de liberdade provisória. De acordo com ospoliciais, não foram encontradas armas de fogo no local,apenas um revólver calibre 38 foi entregue pelos agricultores.Eles afirmaram que a arma pertencia aos seguranças.A Polícia Civilvai continuar as investigações no local e aidentificação dos outros seguranças envolvidosno conflito, cerca de 20. O inquérito deve ser concluídoem dez dias. A Secretaria deSegurança Pública do Paraná determinou quepoliciais fiquem de prontidão nos próximos dias naregião do conflito. Em nota divulgada hoje,a multinacional Syngenta afirmou que “em nenhum momento autorizou ouso de força ou armas para manter a segurança daestação experimental”. Uma cláusula contratualentre a Syngenta e a NF estabeleceria a proibição deuso de armas pelos seguranças no local, de acordo com a nota. “Estamosprofundamente chocados com o ocorrido e lamentamos que seres humanostenham sido feridos ou mortos”, diz o texto. A assessoria deimprensa da Via Campesina informou que o estado de saúde daagricultora Izabel do Nascimento Souza, que teria sido espancadadurante o conflito, ainda é grave, mas estável. Oagricultor Domingos Barreto também continua hospitalizado eoutros três receberam alta hoje.De acordo com a ViaCampesina, cerca de 150 pessoas permanecem acampadas na fazenda. Elashaviam deixado o local em julho, após mais de um ano deocupação.